Fico imaginando aquela cena estranha,
Na periferia de Belém.
Uma mulher numa estrebaria,
Com um filho recém nascido, e um senhor maduro como marido.
Uma criança numa espécie de coxo, cheio de palhas,
Enrolado em panos.
Ali pertinho, o que é próprio de uma estrebaria:
Bois, vacas, jumentos, ovelhas.
Parece uma cena improvável para o nascimento de um rei.
Muito menos provável para a revelação de um Deus.
Seria irônico imaginar que alguém pudesse encontrar Deus
Em tais condições. É igualmente absurdo considerar
que a manifestação divina usaria de tais recursos.
O improvável, o irônico, o absurdo, são assim categorias do olhar e do sentir.
E parece certo dizer que olhar e sentir são elementos subjetivos,
E que é do lugar de cada um que se vê e que se sente.
Vejam que maravilhoso!!!
Os artifícios divinos são dotados de extrema sabedoria.
Poucos são capazes de encontrar Deus numa cena e numa situação tão esquisita.
Parece que Ele não pode estar no visível, no provável, na explicitação pública.
É certo que, por essa razão, Ele se manifesta no menos possível.
E por isso não é à toa que, pastores de ovelhas, pobres e sem maior formação,
foram capazes de olhar e sentir a presença de Deus na estrebaria.
De encontrar o maravilhoso e o surpreendente, o grandioso e estupendo.
E muito menos foi à toa a empreitada de três reis em andar quilômetros
Para reverenciar um estranho.
Fico aqui rezando e pedindo a Deus que conceda a você, a mim, a todos nossos amigos, neste Natal, a educação do olhar e do sentir.
Que nos presenteie com olhos e coração de pastores e estrangeiros,
Para sermos brindados com a graça de ver e sentir Deus onde ele se manifesta de verdade, completo, inteiro.
Quantas vezes será que ele esteve manifesto em nossos dias e vidas
E infelizmente não conseguimos perceber porque nos pareceu improvável e absurdo que Deus estivesse ali?
Que esse novo olhar e sentir nos faça mais felizes neste Natal e Ano Novo.
Com carinho,
A equipe de colaboradores do "A Cidade Icapuí".
