quinta-feira, 29 de março de 2012

OPOVO. Projeto incentiva criação de abelhas sem ferrão em quintais

Iniciativa vai beneficiar jovens de cinco comunidades de Icapuí. Projeto contribui para polinização na Caatinga.


Pode parecer estranho, mas em Icapuí, no extremo Litoral Leste, há quem crie abelhas no quintal. Sem precisar de máscaras ou roupas especiais, moradores de cinco comunidades estão sendo beneficiados com a produção de mel de abelhas sem ferrão.

O trabalho das jandaíras, abelhas habitantes do semiárido, vai, em dois ou três meses, começar a gerar renda para as localidades de Peroba, Retiro Grande, Requenguela, Fazenda Belém e Córrego do Sal. A iniciativa é do projeto “De Olho na Água”, financiado pela Petrobras e apoiado por universidades e outras entidades.

O projeto com mel de jandaíra começou em dezembro do ano passado e envolve 25 jovens. Eles são os responsáveis por manter cem colmeias de madeira, que servem de abrigo para as abelhas. Além de contribuir com a renda, a criação das jandaíras deve ajudar na recuperação da vegetação. “Vai melhorar a polinização de plantas da Caatinga, que já foi muito degradada na região”, projeta Arimatéia Silva, geógrafo e colaborador do projeto.

Na casa de José Maurício da Silva, que se apresenta como um jovem de 80 anos, ficam as dez colmeias implantadas na praia de Requenguela. Entre outros cuidados, Maurício troca a mistura de água e açúcar que alimenta as abelhas em período de estiagem. “Elas não vão mais querer fugir daqui”, diverte-se ele, que pretende doar sua parte na produção para o projeto.

Atividades ambientais

A criação de abelhas sem ferrão é apenas uma 14 ações com foco em meio ambiente e valorização da memória dos povos locais desenvolvidas pelo “De olho na água”.

O projeto criado em 2003 nasceu como curso pré-vestibular. Hoje, são realizadas, entre outras, ações de recuperação de áreas naturais degradadas, produção de cosméticos e alimentos à base de algas marinhas e implantação de cisternas e fossas “biossépticas” – espécie de horta em que a água é evaporada e consumida por plantas.

“As mulheres que catavam algas iam para o mangue. Sumia peixe, sumia camarão. Se você quebra essa relação, tudo se degrada”, resume Leinad Karbogim, diretora-executiva do projeto “De olho na água”.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

Mais refinado do que o mel produzido por abelhas africanas, o mel de jandaíra pode ser vendido por até R$ 80 o litro. Expectativa é gerar renda para 25 jovens de Icapuí. Mel das abelhas do Sertão tem propriedades medicinais 

  Thiago Mendes 
 

"De Olho na Água” em imagens
FOTOS EDIMAR SOARES

1) Projeto de criação de abelhas vai receber apoio da BM&F Bovespa. Meta é fazer embalagens e criar quiosques para venda

2) 85 crianças são atendidas diretamente pelo projeto. Elas ajudam no cultivo de mudas para recuperar áreas de mangue

3) Passarela ecológica em área de mangue é usada para observação de aves e atividades de sensibilização ambiental


Fonte: Jornal O POVO 28.03.2012

Fotos: http://www.opovo.com.br/app/opovo/ceara/2012/03/28/noticiasjornalceara,2809849/acoes-ambientais-e-de-geracao-de-renda.shtml


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