terça-feira, 1 de maio de 2012

Artigo: ELEIÇÕES 2012 – Campanhas, promessas, dinheiro, canções e muitos sorrisos para o eleitorado


Por Melquíades Júnior - Jornalista 
(Artigo publicado originalmente no Blog Diário Vale do Jaguaribe)
Campanha contra corrupção eleitoral em Limoeiro do Norte-CE
Foto: Melquíades Júnior
Tem menos de seis meses para as próximas eleições municipais. OFICIALMENTE, nenhuma campanha política começou. Na PRÁTICA, todas já começaram faz é tempo. E como não seria diferente, as esquinas estão politizadas. E o cidadão, mais engajado na POLÍTICA. O debate já começou. O bate-boca e as brigas também. No Interior do Estado prolifera um palavreado jocoso e mais partidário que os partidos políticos. Caborés, corujas, corrupiões, coronéis. Em ano de eleição, político é o principal personagem do anedotário popular no Interior. Quem quer se reeleger, tenta provar o quanto a cidade melhorou. Quem quer assumir o lugar, mostra toda sorte de problema (e um pouco mais) porque passa o “povão”.
COMO SE POLÍTICA e futebol não fossem tão diferentes, vale até falar da mãe do candidato, que geralmente não tem nada a ver com a história. A zoada já começou estridente nas emissoras de rádio, de longe o principal (com raras exceções) pulverizador de notícias e boatos sobre os bastidores da política (mesmo sem esquecer a Internet). E cada candidato que se preze tem que ter ao menos uma emissora de rádio “amiga”. E quem pensou que já ouviu o bastante “delícia, delícia, assim você me mata”, espera para ver as paródias. “Fulano/ Prefeito  /Trabalho e confiança/ É nºXXX que eu voto/ É XXX o meu voto“. JuventudeConfiançaCompromisso,EsperançaTrabalhoSeriedadeExperiência e Amor serão palavras de qualquer slogan que se preze. “Honestidade”, nem tanto, que pode parecer exagero.
QUEM QUER ganhar de presente a vitória em outubro, tem que marcar presença nas redes sociais. Um perfil oficial no Facebook com a cara de feliz e mensagens de preocupado com a situação do município (quem é da oposição). Quando o político da situação não tem perfil no Facebook, encontra uma ruma de batedores – pessoas que, espontaneamente ou não (principalmente), defendem das calúnias, das difamações e de outros ões da oposição – século 21 é tão moderno que tem trincheira virtual.
FAZER COMUNICAÇÃO no Interior é mais difícil que na Capital porque ano eleitoral é de provação na credibilidade. Se divulgar uma notícia positiva sobre ações da administração pública, é porque está sendo pago para calar o senso crítico e só falar bem; se falar ‘mal’ e apontar os problemas, é porque não está sendo pago, ou, melhor ainda, está sendo bem servido pelo candidato de oposição. Fazer comunicação com credibilidade no Interior se torna mais difícil ainda porque é exatamente isso mesmo o que ocorre em muitos meios de comunicação!
AS CÂMARAS MUNICIPAIS perderam a monotonia. Cada fala de um VEREADOR em plenário, antes sonolenta, empolga quase tanto quanto uma luta de MMA, UFC, essas coisas.Quanto maior a plateia, maior a performance. Bom, claro, para quem faz OPOSIÇÃO. Falar do que não presta sempre dá mais ibope do que o que presta. Mas ninguém pergunta porque o vereador está denuciando só agora um problema que ele mesmo diz ser antigo. Nem porque ele, sendo vereador, não tomou providências junto aos órgãos competentes sobre aqueles gastos que julgou “exorbitantes”. Gasto público no mandato dos outros é refresco de campanha.
A PROPAGANDA eleitoral não teve início, oficialmente. Só não oficialmente. Calendários, panfletos, outdoors, cartinhas e banners. Sabe aquela frase em adesivos de carros? Pois guarde-a na memória que o candidato vai aproveitar. Tudo dentro da legalidade.
NAS ESQUINAS, o povo já começou a debater, discutir, brigar. Servidor público, quando falar de política tem que ser para elogiar quem o empregou. Não há ‘cabismo eleitoral’ mais eficiente que emprego. Mas há outro tipo de emprego para cabo eleitoral: agilizar aposentadorias dos idosos e levar doentes todos os dias para Fortaleza. Ninguém se pergunta porque no ano seguinte isso não vai acontecer. Os partidos políticos, parecendo peças de lego jogadas no chão, reconstroem-se monumentais em ano eleitoral. Sob a alegativa de que ‘o sonho não acabou’, convocam a juventude. Qualquer aproveitamento verbal da esperança de “O Grande Ditador”, de Charlie Chaplin, não é mera coincidência: ” Soldados, em nome da democracia, unamo-nos” (Assista aqui ao emocionante discurso)
Mas calma: nada disso é porque é um ano eleitoral. Que coincidência!

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