AS CORES DA BANDEIRA

Acho oportuno que na ocasião da comemoração da emancipação do município se possa fazer uma referência ao que é representativo dessa festividade. O que se deve evidenciar na festa da emancipação é sua história, sua memória e principalmente sua autonomia e identidade frentes aos demais municípios e as instâncias estadual e federal.

Muito me intriga que historicamente essa referência ao que é simbólico da identidade municipal em Icapuí tenha sido deixado um tanto de lado. Falo do que é simbólico porque, em todas as situações humanas os símbolos carregam peso muito forte na formação da identidade visual de uma instituição e por extensão, daqueles que a defende. No caso do município, a bandeira, suas armas e as cores são, grosso modo, a “cara” da municipalidade, razão da identidade municipal.

Diferente disso, por muito tempo, as cores da bandeira de Icapuí não tem sido evidenciada nos diversos espaços e situações das gestões municipais. Isso não é de hoje, e parece que não vai ser de amanhã. Nem se pode nessa oportunidade procurar compreender os significados das faixas azul marinho e verde bandeira que tem nossa bandeira. Imagino seja uma relação ao imenso azul do litoral e ao coqueiral imenso que nos dá a mais bela entrada de cidade jamais vista. No quadrado branco o brasão municipal que quase ninguém conhece e que poucos entendem. Mas suas referências às riquezas de nosso território são bastantes explícitas.

Na verdade, o que é bem nítido é que não se é dado ênfase ao que é peculiar, ao que é particular de nosso município, ou seja, às cores de nossa bandeira. A sensação é que desde cedo as cores da bandeira foram substituídas por cores estranhas ao que nos simboliza. O que destrói o sentido da cidadania local. Há muito, vem se aderindo a cores que não são “nossa cara”, desfazendo nossa identidade com nosso rincão ditoso. Acabamos defendendo outras coisas com essa troca. Menos as cores da nossa bandeira. Nossas instituições, nossos prédios, nossas escolas, nossos uniformes, nossos espaços coletivos assumiram outras identidades por meio de outras cores desde a emancipação e isso permanece até hoje, acentuando-se cada vez mais.

Por força das exigências oficiais, a bandeira tremula nos mastros em todas as nossas festividades importantes. Não é incorporada, no entanto, na vida prática das ações municipais. Acredito que essa é uma boa temática para ser debatida nas escolas, nos espaços de gestão municipal, nos grupos comunitários, no meio do povo mesmo. Quem sabe a gente consiga largar o que é passageiro e abraçar o que é permanente na identidade deste município, as cores de sua bandeira.