quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Artigo: POLUIÇÃO SONORA – chega dessa barbárie!

Escrito por Mari Cecília Silvestre – 

Caros munícipes


Nasci e me criei em São Paulo (talvez isso faça alguma diferença), mas iniciei minha carreira de professora em Redonda (1980), quando aqui vim morar. Mais que professora, considero-me educadora e tenho trabalhado incansavelmente e, geralmente, voluntariamente pela melhoria da qualidade de vida do lugar onde vivo. Além da educação escolar, as questões de educação ambiental que preparam o cidadão para uma vida mais digna, em harmonia com a natureza e com os outros seres, sempre foram prioridade, não apenas mim, mas para as aqueles com quem me relaciono mais intimamente.

A questão do lixo ocupa grande parte dessas lutas, mas há muitas outras como a conservação dos recursos marinho-costeiros, da falésia, do respeito à criança, ao adolescente e a importância das atividades lúdicas e criativas para o seu desenvolvimento, a luta das mulheres na sociedade machista, o desenvolvimento local, entre outros. O que nos move é a indignação contra a injustiça sócio-ambiental e a falta de educação é sintoma disso.

Trabalhamos tanto no nível da administração municipal: Secretaria da Educação e SEDEMA, como também em parcerias com grupos organizados e ONGs: Associações de Moradores, ACOSER de Redonda (extinta), Projeto Redonda Limpa Vida Melhor, Projeto Mar e Onda, Associação Terra & Sonhos de Redonda, CIP Desenvolver; parcerias com ARATU de Icapuí, Instituto Terramar, Aquasis, Rede de Educação Ambiental do Litoral Cearense.

Temos lutado também contra as drogas, através do RESOLVER, em Redonda (luta difícil, pois foge muito ao controle dos moradores), mas estamos em "campanha" hoje (e há algum tempo) contra a POLUIÇÃO SONORA. Esse é um problema diretamente proporcional ao nível de educação ambiental das pessoas e comunidades. E, a parte o caráter alegre e festivo do cearense, podemos afirmar sem medo de errar, que também é muita falta de educação ambiental do povo.

Particularmente, eu e outras poucas pessoas - todas "de fora", infelizmente, sofremos diretamente com esses excessos cometidos em Icapuí, talvez pela condição do nosso trabalho requerer silêncio e concentração, embora essa justificativa minimize o fato de que existe uma lei que rege as emissões sonoras e que está no Código Civil Brasileiro, direito, portanto, de qualquer cidadão.

Nas campanhas eleitorais o descalabro excede todos os limites do razoável e temos que conviver, por meses, com uma verdadeira loucura que se apossa de um setor da sociedade. Mas, no dia-a-dia, temos carros com paredões, música alta nos bares, motos com escapamentos alterados e, verdadeiras sessões de loucura de alguns cultos evangélicos, principalmente aqueles que acontecem fora das igrejas, sem respeitar o ritmo de vida e as escolhas dos moradores vizinhos aos locais onde acontecem essas reuniões. Sem entrar no mérito da questão da opção religiosa (também um direito constitucional), sempre desconsiderada pelos evangélicos que argumentam sobre a sua missão de evangelizar, temos que conviver com essa insuportável imposição, três e até quatro vezes por semana, quando moramos próximos desses locais.

Estamos em campanha, sim! Pela educação ambiental, pela qualidade de vida, pelo silêncio!

Infelizmente essa campanha já passou do limite do diálogo e deve ser levada ao Fórum de Justiça.  Mesmo porque o novo período eleitoral se aproxima e estamos convocando a toda a sociedade icapuiense que quer mais qualidade de vida a unir-se a nós.

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