quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Diário do Nordeste: Mortes nas BRs crescem 95%

Foram 276 óbitos em um total de 3.779 acidentes registrados. Motocicleta é o veículo que mais mata

A ausência do uso do capacete
está entre as principais causas
de mortes em acidente com motocicletas
FOTO: THIAGO GASPAR
O número de mortes registradas nas rodovias federais que cortam o Estado do Ceará praticamente dobrou em 2010. Foram 276 óbitos em um total de 3.779 acidentes, representando um acréscimo de 95% nesses registros se comparados ao ano de 2009.

A BR-116 foi a rodovia que mais matou, com 121 vítimas, seguida da BR-222, com 69; BR-020, com 50; e, por último, a BR-304, que liga o município de Aracati a Icapuí, com nove mortes. As informações foram divulgadas ontem, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em coletiva à imprensa sobre o balanço das operações realizadas em 2010.

"A cada 100 acidentes registrados, sete foram com mortes". A declaração é do chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da PRF, inspetor Ricardo Araújo. Ele destaca que 31% das fatalidades aconteceram nos 20 quilômetros iniciais das BRs, ou seja, nos perímetros urbanos. Para reverter a situação, adianta que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) pretende implantar, ainda este ano, lombadas eletrônicas em todos os trechos urbanos do Ceará.



A maior parte das ocorrências aconteceu na BR 116, com 1.695 registros. "A infraestrutura da rodovia foi o grande problema", justifica o inspetor Ricardo Araújo. As obras também contribuem para essa realidade, apesar de terem o objetivo de proporcionar melhorias. Durante sua execução, acabam aumentando o número de acidentes.

As motocicletas, que estão em terceiro lugar no índice das ocorrências, aparecem no topo da lista dos veículos que mais matam. Foram 92 vítimas fatais no ano passado, 142% a mais que em 2009, quando 38 pessoas morreram. Segundo o chefe de policiamento da PRF, o índice é reflexo da falta de fiscalização, especialmente no interior do Estado. "Se as Prefeituras não fiscalizam com eficiência, esses veículos vão parar nas rodovias. Lá, o trânsito é completamente diferente", alerta.

"O ano de 2010 foi bem mais violento que 2009. E a falha humana ainda é a principal causa dos acidentes", frisa o inspetor Ricardo Araújo. O aumento da frota de veículos e do número de pessoas habilitadas foram fatores que também contribuíram para esse resultado. O que chama atenção, diz o inspetor, é que nunca os acidentes foram tão violentos. A faixa etária que mais se envolve com os incidentes é a de 18 a 25 anos.

"Quanto mais jovem é o motorista, maior a possibilidade de se envolver em acidentes". Ricardo Araújo diz que a CNH Popular colaborou para aumentar o número de pessoas novas dirigindo. Ao todo, 68.081 infrações foram registradas em 2010. Destas, 900 referentes à alcoolemia, o que representa aumento de 86% se comparado a 2009, quando 483 infrações foram registradas.

As CNH´s recolhidas somaram 802, a maioria por crimes de trânsito ou alcoolemia. O número de pessoas presas por dirigirem embriagadas também apresentou acréscimo. Foram 366 detenções em 2010, 48% a mais que em 2009. Destas, de acordo com a PRF, mais de 100 envolveram acidentes de trânsito.

O não uso do cinto de segurança foi a infração mais cometida no ano passado, com 13.212 autuações. Em seguida, vêm velocidade, com 9.799 infrações; ultrapassagem, 6.948; condutores não habilitados, 2.975; o não uso do capacete, 2.017; e, por último, uso de álcool no trânsito, com 900 autuações.

O superintendente da PRF, Ubiratan de Paula, lamentou que o órgão não tenha alcançado os índices planejados pelo departamento, de diminuir o número de acidentes, e informou que em fevereiro, durante reunião com todos os superintendentes da PRF, em Brasília, será feita uma avaliação das ocorrências de 2010, para que algumas iniciativas sejam tomadas.

No Ceará, adianta Ubiratan, uma delas será lançar mão de uma parte dos funcionários do setor administrativo para o operacional. O objetivo é reforçar o aumento da atividade da PRF.

LUANA LIMAREPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste 

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