segunda-feira, 12 de abril de 2010

Diário do Nordeste: Adece aposta na algicultura

No jornal Diário do Nordeste do domingo (11/04) trás uma entrevista com o novo presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), o agrônomo Francisco Zuza de Oliveira. Onde ele aborda como será nova gestão da entidade, e que o Ceará vai investir na produção de laranja e da carragenana, substância extraída de macroalgas marinhas e utilizada na indústria alimentícia.

A produção de algas pode gerar 3 mil empregos na região litoranea e para Icapuí será uma nova forma de geração de renda para a população da cidade, já saturada da pesca da lagosta. baixo reproduzimos os trechos que ele responde as perguntas sobre a produção de algas marinhas:

DN - Há alguma coisa nova sendo prospectada pelo senhor, neste momento?

Francisco Zuza de Oliveira - Há, sim: a algicultura, que é o cultivo de macroalgas marinhas. Dessas algas que pretendemos cultivar ao longo do nosso extenso litoral, extrairemos a carragenana, que entra na composição da maioria dos produtos da indústria farmacêutica, alimentícia e de cosméticos. A carreganana está no iogurte e no sorvete, por exemplo. Isso foi prospectado nessas viagens que o Balhmann fez, que eu fiz, que outros diretores da Adece fizeram. Estou falando da perspectiva de um negócio que poderá empregar 3 mil pessoas nas áreas litorâneas do Ceará. Os pontos já estão selecionados.

Quais são eles?

Serão sete pólos de produção de algas: em Camocim, Acaraú, Trairi, Paracuru, São Gonçalo do Amarante, Aracati e Icapuí. Vamos selecionar 1 mil algicultores que constituirão, inicialmete, 20 condomínios, cada um com 50 algicultores. Cada agricultor terá três balsas, nas quais serão penduradas redes que receberão as mudas de algas; completado o ciclo de produção, de 35 a 45 dias, colhem-se as algas, que depois serão submetidas ao processo de secagem, após o que se retirará delas a carregenana, produto de alto valor agregado. O melhor é que, depois de tudo isso, ainda sobra um resíduo para a ração animal. Estimamos que cada algicultor produzirá, mensalmente, 4 toneladas de alga úmida que lhe darão uma renda mensal líquida de R$ 700. Esta é uma alternativa de negócio. Este projeto de alg icultura eu apresentei nesta semana em Camocim durante um evento sobre aqüicultura.

O que o auditório achou da carragenana?

Eles ficaram impressionados também com outros números que lhes transmiti. Hoje, a produção mundial de carreganana é de 1,6 milhão de toneladas. Os principais produtores são as Filipinas, a Indonésia e a Tanzânia. O mercado mundial de carreganana movimentou em 2008 US$ 600 milhões. O Brasil, que produziu no ano passado de 2009 apenas 48 toneladas de carregana, tem uma demanda anual de 1.276 toneladas, 90% das quais produzidas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba. Quer dizer, o Ceará tem aí uma chance de entrar em um negócio de futuro promissor. A empresa que produz macroalgas e carragenana no Rio de Janeiro é a Biomar. Pois é essa empresa que está vindo para cá para apoveitar as vantagens do nosso litoral, onde a produção já se comprovou muito maior do que nas praias fluminenses. A unidade industrial da Biomar será instalada em Chorozinho.

Fonte: Diário do Nordeste

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