quinta-feira, 28 de abril de 2011

Gestantes de Mossoró enfrentam o problemas com maternidade superlotada

A unidade,atende mulheres de mais de 60 municípios, inclusive do estado do Ceará
Ilustração Google imagens
A superlotação é uma realidade em diversas maternidades públicas do país.Aqui no estado, a situação não está muito diferente. Em Mossoró, as gestantes só dispõem de um hospital filantrópico pra dar a luz: a maternidade Almeida Castro, realizando uma média de 600 partos por mês. Acompanhe na reportagem de Carlos Adams e Almir Morais.

Na maior maternidade pública do interior, um problema comum de ser visto em muitas cidades brasileiras. A falta de leitos para gestantes. Na sala do pre-parto, todas as camas estão ocupadas e segundo as enfermeiras é o tempo todo assim. No momento que uma sai a vaga é preenchida por outra imediatamente. Nos corredores, as mães que acabaram de parir ficam em macas aguardando junto com o recém-nascido a hora de ir para o quarto. Alice que deu a luz ao terceiro filho reclama de dores.

– Está doendo nas costas – diz a parturiente Alice Romualdo.

A maternidade Almeida Castro, que funciona dentro do Complexo da Casa de Saúde Dix-Sept Rosado, tem 130 leitos disponíveis ao SUS, mas desses apenas 40 são reservados para a obstetrícia. Um número insuficiente para a quantidade de partos que são realizados por mês na unidade: uma média de 600. Segundo a direção da casa, a maternidade não tem como aumentar a estrutura e nem oferecer mais qualidade de atendimento as mães por conta da falta de recursos. O diretor diz que os repasses do SUS estão muitos defasados e que o dinheiro não dá mais nem pra cobrir as despesas internas. A maternidade está há um bom tempo no vermelho.

– Não teve aumento na tabela do SUS há muitos anos, os aumentos que ocorreram foram para a parte médica , não para a parte hospitalar .Então deveria ter sido feito um planejamento já prevendo essa situação – afirma André Néo, diretor da Casa de Saúde Dix-Sept Rosado em Mossoró.

Outro fator que comprometeu e muito o funcionamento da maternidade pública de Mossoró foi o fechamento da Casa de Saúde Santa Luzia e do Hospital Duarte Filho, uma unidade filantrópica que também contava com serviços de obstetrícia.

– Também faltou planejamento, se fechou. Por que fechou? O que vai se pensar para atender essa população, porque se ela tinha uma demanda que atendia toda essa região. Quando fechou três fechou mais ou menos 200 leitos .De lá para cá migrou para ser atendida na Casa de Saúde Dix-Sept Rosado - explica André Néo.

A Casa de Saúde Dix-Sept Rosado foi inaugurada há 70 anos com o objetivo de ser um hospital-maternidade de referência para Mossoró. Mas o que se percebe hoje é que a casa virou uma espécie de maternidade regional que precisa atender a demanda de mais de 60 municípios do estado, inclusive cidades-pólo como Assú, Apodi e Pau dos Ferros.

Pelo relatório de atendimentos da casa, gestantes dos municípios de Icapuí e de Aracati, no Ceará, e de Natal também ajudam a superlotar a maternidade.

– A maioria da população, quase que 100% está vindo procurar um pólo grande e vem realmente para Mossoró. Os casos que vem de Natal é pela demanda excessiva que também Natal não está suportando - esclarece o diretor da Casa de Saúde Dix-Sept Rosado.

O secretário municipal de cidadania reconheceu que Mossoró precisa de uma nova maternidade pública urgente. Ele disse que uma comissão foi criada pra elaborar um projeto de hospital materno que deve ser vinculado a Faculdade de Medicina da UERN.

– Esse projeto será doado ao Governo do Estado e ele resolverá duas grandes necessidades da região, a assistência a maternidade e a infância e também as necessidades da faculdade de Medicina da UERN -afirma Francisco Carlos Carvalho, secretário da cidadania de Mossoró.

Grávida de 6 meses, Silmara se assustou com o caos da maternidade de Mossoró e decidiu: vai parir fora da cidade.

– Eu pretendo ir para Natal, no meu ponto de vista a primeira mão. Eu tenho uma amiga que já foi para lá, justamente pela insegurança da cidade – revela a gerente de loja, Silmara Ariana de Almeida. 

Fonte:  IN360

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