terça-feira, 19 de abril de 2011

Reação ao avanço do mar

 Em Beberibe e Mundaú, municípios cearenses que sofrem com o avanço do mar no litoral, existem iniciativas de educação ambiental que envolvem instituições e as comunidades para evitar mais destruições nas praias  

Na Praia da Redonda, em Icapuí, as fortes ondas provocaram
grande destruição nos últimos anos (FOTO: IGOR DE MELO)

Rita Célia Faheina
ENVIADA AO LITORAL
ritacelia@opovo.com.br

 
As carnaúbas eram de pelo menos quatro metros de altura. Agora só restam os troncos. As marés fortes destruíram a vegetação na Praia da Redonda, em Icapuí, no Litoral Leste do Ceará. Na praia do Pacheco, em Caucaia, casas estão à venda, outras abandonadas. Ruas que davam acesso à praia estão interrompidas. Em Parajuru, praia de Beberibe, a comerciante Ilza Moraes reclama que é a sétima barraca erguida na praia. “Vem a maré alta e leva tudo. A gente recua, mas agora não tem para onde ir”. Na área, segundo Ilza, eram nove barracas e só restam quatro por causa do avanço do mar.

“Por aqui, tudo está destruído. Fizeram um paredão, mas as ondas fortes derrubaram. As pessoas deixaram de vir porque não tem mais como chegar à praia”, informa Raimundo Rocha, 70, que há 30 anos mora na praia do Pacheco, em Caucaia. Até a década de 80, as praias do Pacheco, Iparana e Icaraí (Caucaia) eram muito procuradas por turistas. As casas de veraneio ficavam cheias nos fins de semana, mas com a erosão causada pelo avanço do mar, deixaram de ser frequentadas.

“Juntou a chuva com a maré alta e fez todo este estrago na Rua da Praia”, mostra Miguel Gonzalez, proprietário da pousada Lua, Mar e Sol, na praia da Redonda, em Icapuí. Ele diz que pouca gente procurou hospedagem nesta Semana Santa, porque a rua não dá mais acesso a carros. “Quando era moleque a praia era longe das casas. O calçamento da igreja agora está dentro do mar”, recorda Jesus Moreira, em Canoa Quebrada (Aracati).

O secretário municipal de Infraestrutura, José Gonçalves Filho, reconhece o aumento da erosão nas praias. Diz que o município tem um projeto de contenção, porém depende de obter recursos. Foi feita a pavimentação em Canoa Quebrada pelo Governo do Estado e a Prefeitura fez o saneamento.

Conscientização

 
Em Beberibe e Trairi, iniciativas que envolvem os moradores da praia contribuem na busca de soluções para conter a erosão. Em Beberibe, a população, governo municipal e entidades ambientais se reúnem para falar dos problemas e solucioná-los. O secretário de Planejamento de Beberibe, Carlos Nogueira diz que foi feito estudo para verificar o grau de erosão e quais serão as providências tomadas.

O lixo na orla, a preservação de mangues e dunas é um trabalho feito pelo coordenador dos projetos de meio ambiente da Associação Ambiental e Cultural do Mundaú, Marco Aurélio Irineu de Castro. A praia, que fica no município de Trairi, no Litoral Oeste, também sofre com o avanço do mar. “Quando construimos o Polo da Associação, em 1995, havia um espaço grande de praia. Era só areia e os meninos jogavam bola. Agora, a maré chega até a calçada do Polo”, diz. Os jovens que frequentam o Polo têm a função de cuidar da praia e de limpar o mangue.

O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Praias que eram consideradas tranquilas e muito procuradas por visitantes, como Redonda, em Icapuí, Pacheco, em Caucaia, e Mundaú, em Trairi, estão prejudicadas pela destruição causada pelo avanço do mar. É comum encontrar pedras e sacos de areia para conter a erosão.

NÚMEROS

6.000
METROS
O projeto da Prefeitura de Caucaia é construir um muro de 6km para barrar as ondas.

SAIBA MAIS

 
Iniciadas em setembro do ano passado, as obras de contenção da erosão costeira de Icaraí, em Caucaia, devem ser concluídas até agosto. O projeto é denominado ‘Bagwall’ um dissipador de energia com cerca de 11 andares, que utiliza formas geotêxteis preenchidas com concreto em sua composição.

As obras são feitas de acordo com as marés. “Quando a maré está baixa os trabalhos são feitos dia e noite, mas quando ela sobe, os trabalhos são suspensos”, explica o secretário de Comunicação da Prefeitura de Caucaia, José Solano Lopes.

O custo do projeto é de R$ 7,9 milhões, com recursos do Ministério da Integração Nacional. São 1.370 metros, porém, a intenção da prefeitura é conseguir mais R$ 1 milhão para fazer construir mais 400 metros.

Em outra fase, a ideia é negociar com o Ministério da Integração Nacional recursos para uma obra que atinja 6.000 metros da orla de Caucaia. 

Fonte: Jornal O POVO

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