terça-feira, 28 de setembro de 2010

Jovens preservam mangues em praias de Icapuí e Aracati

O projeto Manati,  executado pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ambientes Aquáticos (Aquasis), uma ONG cearense, com o apoio do Sesc Ceará e o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental é tema da reportagem do Diário do Nordeste em sua edição de hoje. O projeto tem entre suas ações de educação ambiental como limpeza de praias e manguezais em Icapuí.

Veja a matéria jornalista Melquiades Junior no Jornal Diário do Nordeste:




MEIO AMBIENTE

Jovens preservam mangues em praias de Icapuí e Aracati

28/9/2010 

Se depender de crianças e adolescentes do Litoral Leste, a natureza estará preservada no Estado

Icapuí. As áreas de mangues na costa cearense sofrem e pedem socorro, mas jovens estudantes já sabem o que degrada e dizima vegetação, água e solo do lugar. E na Praia da Requenguela, em Icapuí, crianças e adolescentes puderam entender a importância e participar da limpeza do manguezal. Depois de retirarem isopor, cordas, garrafas plásticas e redes de pesca, foi a vez de recolocarem a própria natureza, pelo replantio de mudas de espécies nativas.

Estas ações nas vilas de praias em Icapuí e Aracati tem mudado a consciência de preservação dos moradores, partindo dos mais jovens.

Os estudantes da Escola de Ensino Médio Professor Gabriel Epifânio dos Reis arregaçaram as mangas e cavaram pequenas covas no entorno do manguezal. Nada parecido com a devastação já causada por turistas, especuladores imobiliários e alguns próprios moradores. Era a implantação de mudas de mangue vermelho (Rizophora mangle), tipo de vegetação que compõe aquele local mas que, a contar com a atitude do homem, tende a sumir, literalmente, do mapa.

A ação de limpeza de manguezal e replantio de mudas foi realizada pela equipe de Educação Ambiental do Projeto Manatí, em Icapuí, executado pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ambientes Aquáticos (Aquasis), uma ONG cearense, com o apoio do Sesc Ceará e o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.

De acordo com especialistas da Aquasis, a costa litorânea de Icapuí abriga uma população de peixes-boi marinhos de grande importância para a conservação da espécie no Brasil.

Orientação

Jovens moradores do próprio lugar, alguns cujos pais tiram a própria sobrevivência do que ainda oferece aquele pedaço da natureza, puderam ser orientados sobre os cuidados com o ecossistema manguezal, os animais e plantas a eles associados.

"Num futuro próximo, serão agentes transformadores da realidade de degradação ambiental do local em que vivem", afirma Rebeca Borges, da ONG Aquasis. Durante a ação, houve trilha educativa no manguezal.

Paralelo à ação em Icapuí, também na Vila de Canoa Quebrada, existe um movimento que respeita o meio ambiente. Antes, reconhece-o e busca formas de preservação. Quem recicla resíduos sólidos e, principalmente, aprendizagem é a ONG Recicriança, por meio da qual crianças e adolescentes da Vila dos Estevão e de Canoa Quebrada conhecem o ecossistema manguezal e orientam a população local contra o descarte irregular de lixo.

O que não conseguiram combater (e isso vale para todo o litoral) é a luta contra a apropriação indevida "dos grandes", como chamam os empresários que invadem e constroem empreendimentos nas áreas de preservação permanente.

Equilíbrio da natureza
O litoral cearense não tem suas belezas naturais à toa. Antes de edificar os olhos do turista, mantém o sustento do nativo, e participa do equilíbrio do ecossistema na região, interferindo na sobrevivência de seres vivos. De acordo com a ONG Aquasis, as duas áreas de ocorrência do peixe-boi marinho são a região costeiro-estuarina dos rios Timonha e Ubatuba, no extremo oeste do Estado, e a área compreendida pelos municípios de Aracati e Icapuí, à leste, que abrange os estuários, e os manguezais associados, dos rios Jaguaribe e Barra Grande.

O manguezal da Praia de Requenguela, onde deságua o rio da Barra Grande, foi em sua grande parte tomado por salinas e fazendas de camarão, e, como outras áreas no Brasil, sofre com o crescente acúmulo de lixo, especialmente aquele proveniente de restos de materiais de pesca utilizados na região.

A ação de limpeza realizada com estudantes na Praia de Requenguela colheu 33 quilos de lixo, que iam de rede de pesca a isopor, papel e vidro, mas manguezal não é lixeira, conforme defendem os participantes.

FIQUE POR DENTRO
Berçários naturais
A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros, entre eles o manguezal, faz com que essas áreas sejam consideradas verdadeiros "berçários" naturais, tanto para as espécies características desses ambientes (camarões, caranguejos, siris, sururus, ostras), como para peixes de águas doces e marinhas, e para animais que migram para as áreas costeiras, em pelo menos uma das fases do seu ciclo de vida. Fauna e flora ricas representam uma fonte essencial de alimentos para as populações humanas ribeirinhas e costeiras, constituindo excelente fonte de proteína animal de fácil captura, com alto valor nutricional. Não é à toa o interesse de ambientalistas por esses ecossistemas.

MAIS INFORMAÇÕES
Associação de Pesquisa e Preservação de Ambientes Aquáticos (Aquasis), Praia de Iparana, Caucaia
(85) 3318.4911 / fax 3318.4902



Melquíades Júnior
Colaborador



Um comentário:

Blog do Vereador Marcos Nunes disse...

Quero parabenizar os jovens pela ação cidadã. Icapuí quase todas suas prais precisam da colaboração do poder público e moradores locais, pois a lixo espalhado por toda orla.