quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Diário do Nordeste: REDE TUCUM. Turismo comunitário do Ceará é referência nacional

Trilha em Icapuí, parte do roteiro Tremembé
da Rede Tucum naquele município
já perto do Rio Grande do Norte
A Fundação Banco do Brasil valoriza ações de transformação social que possam ser reaplicadas em outros locais

Brasília. De um total de 1.116 inscritos, a Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum) foi uma das finalistas da categoria Região Nordeste, entre as 27 concorrentes, na sexta edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Realizada a cada dois anos, a premiação tem como objetivo certificar aquelas tecnologias sociais que atendam aos critérios de reaplicabilidade, efetividade da transformação social e também de interação com a comunidade.
Centro de Educação Ambiental em Requenguela,
localidade de Icapuí, extremo litoral leste do Ceará
DIVULGAÇÃO

Além de R$ 80 mil para cada uma das nove categorias vencedoras, a premiação inclui a gravação de um vídeo institucional e folders para que as iniciativas possam divulgar seus trabalhos. A Rede Tucum concorreu na categoria Região Nordeste.

"Antes, já havia a experiência de turismo comunitário na Prainha do Canto Verde. Foi quando percebemos que não dava certo fazer cada um separado. A partir do trabalho articulado que a rede proporciona, conseguimos trocar experiências. Além disso, fica mais fácil e barato fazer frente à questão de promoção publicidade", explica Rosa Pereira, que veio a Brasília representar a rede na premiação.

Trilha no Manguezal da localidade de Curral Velho,
município de Acaraú,no litoral oeste do Estado
Litoral cearense

Criada em 2001, a Rede Tucum reúne hoje 13 comunidades litorâneas localizadas nos municípios de Icapuí, Fortim, Beberibe, Aquiraz, Caucaia, Trairi, Amontada, Acaraú e Camocim. Além disso, a rede conta com dois pontos de hospedagem solidária em Fortaleza: o Centro de Formação Frei Humberto e a Associação Mulheres em Movimento, do Conjunto Palmeiras.

Só em 2010, a Rede Tucum recebeu aproximadamente dois mil visitantes. Segundo Rosa, a maioria dos turistas são estrangeiros, além de estudantes e pesquisadores das áreas de Biologia, Engenharia de Pesca e Turismo, cujo trabalho costuma ter ligação com o litoral.

Hospedagem comunitária na
Prainha do Canto Verde, em Beberibe,
a leste de Fortaleza
JULIANA VASQUEZ (13/09/2009)
"Eles vêm geralmente para alguma atividade curricular, gostam e acabam trazendo familiares, amigos. Aqui eles têm chance de vivenciar o cotidiano do local, participar da pesca e outras atividades, além de conhecer a biodiversidade".

Na Internet (www.redetucum.org), os interessados conhecem as comunidades, veem as rotas para chegar nesses locais e têm acesso a cursos e pacotes de viagem. O boca-a-boca também é um grande aliado na divulgação. "Temos parceria com outras associações que trabalham no turismo comunitário e eles costumam mandar turistas para cá. Mas tivemos até um caso de um casal de alemães que viram um folder nosso e foram até Ponta Grossa baseados nas informações que havia no papel", lembra Rosa.

Para quem vive nesses locais, o turismo comunitário possibilita uma atividade coletiva, em que os rumos da atividades são decididos em conjunto e todos se beneficiam igualitariamente. Isso permite a perpetuação das tradições locais e a permanência dessas populações em seus locais de origem.

"No turismo convencional, o que acontecia era a chegada de um empreendimento numa comunidade, que impõe um padrão de turismo e lazer. Os moradores acabavam se tornando empregados e, quando esse empreendimento ia embora, ficavam no prejuízo", explica.

Por enquanto, o principal desafio é a comercialização desses roteiros alternativos, já que a Rede Tucum atua fora do trade turístico convencional. "Uma das nossas dificuldades é chegar ao nosso público-alvo, e também articular esses pontos de turismo comunitário com transporte e acessibilidade. Estamos agora trabalhando com uma consultoria para tentar melhorar essas estratégias", esclarece Rosa.

Outras possibilidades

Mas nem só de mar vive a experiência da Rede Tucum. Em comunidades como o assentamento Coqueirinho (Fortim) e Caetanos de Cima (Amontada), é possível também conhecer biomas como o manguezal e a mata de tabuleiro.

Rosa acrescenta que há também duas experiências de turismo comunitário inseridas no sertão: a Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, e o assentamento Boa Vista, em Quixadá. "Por enquanto, eles ainda não fazem parte da rede, mas são nossos parceiros. Se ganharmos o prêmio, queremos utilizar parte do dinheiro exatamente para ampliar nossa rede".

Concorrência

27 São os finalistas do total de 1.116 inscritos, no Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, entre os quais a Rede Tucum é a única experiência cearense

KAROLINE VIANA 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste - 23/11/2011

Nenhum comentário: