Professores e alunos identificam as principais necessidades da comunidade. Falta de trabalho fez ressurgir essa tradição na vida das mulheres.
Os educadores se esforçam para alfabetizar jovens e adultos do
Nordeste, região do Brasil que concentra o maior índice de
analfabetismo. O município de Icapuí, a 200 quilômetros de Fortaleza,
capital do Ceará, tem cerca de 18 mil habitantes. O MOVA Brasil chegou
ao lugar em março e forma turmas com o máximo de 25 educandos. O curso
tem duração de dez meses. Nas salas, com alunos de idade que varia entre
15 e 80 anos, todos aprendem juntos.
O educador Francisco Edson Medeiros é pescador de camarão e conhece bem
a comunidade. “Isso é uma soma que leva as pessoas a ter uma visão de
mundo ampla e entender até a si mesmo”, diz.
Mil e trezentos educadores trabalham no MOVA Brasil, o projeto de
alfabetização de jovens e adultos, com 170 no Ceará. A cada dois meses,
são realizados encontros de formação e de capacitação. Para ser um
monitor é preciso tem mais do que um diploma.
“O significativo é que ele tenha o seu curso fundamental, que conheça
sua realidade e que tenha uma vivência na comunidade. Eles passam por
uma pré-seleção, fazendo uma leitura desse perfil. Nós vamos olhar
também para a capacidade de criatividade e qual a proposta do candidato
de ver a educação”, explica Maria Inez de Lima Almeida, coordenadora do
Mova Brasil – Pólo Ceará.
Identificar as necessidades de uma comunidade e criar uma nova turma é
função dos coordenadores de cada estado. O MOVA é mais do que um projeto
de educação e cidadania. Juntos, professores e alunos de cada lugar
identificam as principais necessidades da comunidade. O principal
problema de Icapuí era a geração de renda. Faltava trabalho. Foi assim
que o labirinto, uma antiga tradição, renasceu na vida das alunas.
“O labirinto para mim foi uma coisa muito importante. Eu me criei
fazendo labirinto, minha mãe era labirinteira, minhas avós e minhas
irmãs. Na época que eu era criança, eu já fazia labirinto e me vestia,
me calçava de labirinto”, recorda a labirinteira Elisabete Maria de
Souza.
Ninguém sabe ao certo o número de labirinteiras de Icapuí, mas graças
ao trabalho de retomada desta cultura, elas sonham com a criação de uma
associação. “Nossa intenção é fazer com que elas tenham o acesso direto
para o mercado e tenham uma renda melhor”, diz Medeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário