sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Artigo: O Poder da Imprensa na formação da opinião pública

Escrito por Saulo Rebouças
Estudante de Marketing


            Na atualidade, a imprensa – designação genérica dos meios de comunicação de massa, possui estreitas ligações com interesses políticos, e esse fato tanto é notório como faz com que a imprensa seja não apenas transmissora de mensagens, mas também fomentadora de crenças, culturas e valores destinados a sustentar os interesses econômicos e políticos de quem quer que seja que representem.

            Isso significa que a Imprensa detém características que muito influenciam na formação de opinião das pessoas e, de certa maneira, na modificação de algumas realidades.  Vejamos: a instantaneidade, a simultaneidade e a velocidade com que as informações são repassadas, retratam de certa maneira o poder que a mídia exerce na sociedade, de modo que conseguem atingir diversas camadas sociais, levando mensagens embutidas de muitas ideologias e que, a grosso modo, são relatadas como verdade. De um modo quase que gratuito, vão distribuindo essas concepções, essas maneiras unilaterais de ler um fato, às pessoas.

            É bem verdade que o Brasil demorou a conhecer a imprensa, pois de acordo com a história, durante a ditadura militar do Brasil, várias organizações de meios de imprensa - seja rádio, TV ou jornais - foram censurados. Mas, graças às muitas lutas travadas nos campos político e social, a imprensa tem hoje uma relativa liberdade de expressão.  E essa liberdade há muito tão sonhada é hoje um grande patrimônio social fundamental para o exercício do direito à comunicação.

Em contraste a isso, basta depararmo-nos com informações incompletas, incoerentes, deturpadas, e até com a falta das informações, para entendermos que nem tudo é tão democrático e transparente quanto parece ou deveria. É que esse direito de dizer já conquistado vem sendo precedido pelas conveniências tolas – ou nem tanto – de cumprir acordos pessoais em detrimento do cumprimento à fidelidade da notícia.

Não obstante, não são raros os casos em que veículos de comunicação opinam sobre a notícia, expressando um posicionamento pessoal quanto ao fato. E isso parece mais uma tentativa de inferir na mente do povo a unilateralidade de opinião, como se não tivesse o povo a consciência devida para interpretar o que ler ou ver expresso nas mídias.

É bem verdade que a imprensa muito contribui para o desenvolvimento social e a construção de um Estado democrático. Contudo, boa parte da imprensa chega a cometer o erro de, em alguns momentos, deixar de dizer o que de fato o deveria e, em outros, enfatizar o que não deveria, pelo motivo simples do não acontecimento.

As pessoas já estão mais críticas nesse sentido. Mas, apesar dos grandes avanços, ainda existem aqueles que se deixam levar pelo que lêem ou vêem expressos num veículo de comunicação, sem preocupar-se em questionar a veracidade das informações e o real motivo da sua divulgação. Muitas vezes, vemos acusados sendo culpados pela imprensa, fatos sendo narrados de formas distintas – sob ângulos e visões diferentes ao extremo – por veículos de comunicação diferentes, com, obviamente, diferentes interesses.

Tudo isso acontece sob a égide da liberdade de imprensa. Mas, por não haver fiscalização voraz pelos órgãos competentes, a mídia veicula as coisas ao seu bel prazer, ao seu modo, e carrega em suas mensagens a vontade explícita de que terceiros comprem sem pensar, sem refletir, seus pensamentos, mas é raro ver qualquer veículo de comunicação instigar a população a analisar as razões dos posicionamentos da própria imprensa.

Não obstante, existe ainda o sensacionalismo, uma postura editorial que se configura pelo exagero, pelo apelo emotivo, tudo para ganhar a tão almejada audiência. Isso é às vezes muito cruel com aqueles que estão recebendo as informações, se submetendo a cenas fortes, a narrações muito apelativas e, por outro lado, com aqueles protagonistas da notícia, que são expostos ao máximo possível, tendo suas vidas banalizadas, até que o fato venha a estar fadado ao esquecimento ou que apareça outro de maior impacto social.

Basta que assistamos o filme “o quarto poder”, dirigido por Costa-Gravas, e o documentário “Muito além do Cidadão Kane”, disponibilizado na internet, que entender-se-á o que aqui buscamos retratar. É grande a influência da imprensa na formação de comportamentos e valores dominantes na sociedade contemporânea. Mas, então, por que esse debate não é incentivado e nem mesmo realizado nas instâncias competentes, como a própria mídia, tida por muitos teóricos como o quarto poder, e pelos demais poderes constituídos?

Ora, talvez essa pergunta não poderá ser esgotada nesse momento devido a sua complexidade, mas a sociedade civil precisa puxar esse debate, e antes de tudo, ler as notícias nas entrelinhas, analisar as mensagens de modo crítico, para então perceber o real desejo daqueles que querem formar a sua opinião ou burlá-la, quando possível.

Temos que incluirmo-nos nesse processo de análise das mensagens – algumas subliminares – expostas pela mídia. Esse deve ser o bojo de nossas ações, o ponto central para que se garanta a liberdade de expressão, a democratização, para que a mídia não mais sustente privilégios e venha a ferir o efetivo direito social da verdade.

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