segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mar continua avançando e causando estragos nas praias de Icapuí

Mar continua avançando, causando estragos e pondo em risco moradores das praias icapuienses. Burocracia empaca a liberação de recursos para obras de contenção


O dilema da praia da Barrinha

Ontem a maré atingiu sua altura máxima prevista para esse ciclo da lua: 3,8 metros. Como era esperado, as barreiras de contenção feitas com sacos de areia, pedras e entulhos das casas demolidas não impediram que o mar avançasse ainda mais na praia da Barrinha. Durante três dias de maré alta, o mar avançou de um a dois metros em direção as casas que restaram. Pode parecer pouco, mas essa aproximação se tornou mais "agonizante" para os moradores que não cessam de fazer comparações com um passado recente, onde o mar parecia estar tão longe. Hoje, as marés "lambem" o calçamento da rua principal.

Os moradores parecem não se render a força do mar. Relutam em sair de suas casas e fazem todo tipo de esforço para barrar a maré. Inclusive, foi proposto aos moradores a remoção de todos e a construção de uma "nova Barrinha" em área distante do mar. Essa proposta foi recusada e está totalmente fora de cogitação, disse um dos moradores. Muitos deles nascidos e criados à beira do mar, não se imaginam sem a imensidão azul, as velas dos barcos e a brisa que vem do oceano bem ali na sua janela. Na foto ao lado, um morador preenche a cratera formada pelas ondas com pás de areia. Essa cena lembra muito a fábula do passarinho que tentava apagar um incêndio na floresta, levando água no seu pequeno bico - o morador faz sua parte. Nesse mesmo local havia uma lanchonete, adaptada a partir de um cabine de um barco inutilizado, funcionando há alguns dias. O proprietário teve que removê-la com ajuda de outros moradores, já que essa faixa da praia foi uma das mais atingidas e não sobrou espaço sequer para a colocação dos bancos de madeira improvisado. 

Em outras praias

A comunidade da praia da Barrinha não é a única que sofre com o avanço do mar. As marés desta semana foram tão fortes que invadiram a estrada que liga a praia da Barrinha a praia do Requenguela. Lá, a ondas formaram um verdadeiro "riacho", deixando a estrada intransitável para veículos pequenos. Apenas alguns motociclistas se arriscavam em atravessar o "rio de água salgada". A frente de algumas casas ficaram completamente alagadas. No trecho entre a Barraca de João Velho e a passarela da Estação Ambiental (no manguezal) também foi bastante afetado pela força da maré. A estrada de acesso a passarela ficou totalmente coberta pelas águas e a passagem de pedestres ficou comprometida. Na praia de Barreiras de Baixo (ou Barreiras da Sereia), a situação está tão alarmante quanto a praia da Barrinha. O mar há tempos que chegou bem próximo das casas, obrigando muitos a abandonarem suas residências e se mudarem para outros locais. Alguns construíram novas casas na parte alta da praia, conhecida como Vila Nova de Barreiras. As praias de Peroba, Redonda e Quitérias são outras que também sofrem com o avanço do mar. O projeto de construção de muros de contenção na orla de Icapuí contemplará todas as praias afetadas, mas os recursos iniciais disponibilizados serão destinados prioritariamente a praia da Barrinha, depois de avaliação técnica feita pela Defesa Civil.

Os recursos

Em meio a euforia dos moradores diante dos estragos causados pelo mar, foi anunciado na sexta-feira (18/02) pelo Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, a liberação dos R$ 2,3 milhões destinados a construção do muro de contenção, casas populares e a escola da comunidade da Barrinha. A liberação dessa verba se arrasta há meses e vem esbarrando em uma complexa burocracia legislativa e técnica, que retarda o início das obras, apesar da situação de emergência decretada pela prefeitura de Icapuí. Isso em tese, agilizaria o processo de liberação dos recursos financeiros, mas a população continua sem compreender o porquê de tanta demora. A verba foi liberada, porém, o dinheiro ainda não está disponível. Outros tantos trâmites burocráticos retarda o sonho dos moradores de ver a primeira pedra do muro de contenção na praia da Barrinha ser colocada. Enquanto isso, o mar continua avançando sobre a praia, pondo em risco outras casas de moradores que contavam com o muro de contenção, que não querem ver suas moradias demolidas como tantas outras já foram.

Na terça-feira próxima (22/02), o prefeito de Icapuí, Irmão Edilson, o vereador Lacerda Filho e o deputado federal José Airton, viajam a Brasília-DF para agilizar o processo de liberação do dinheiro junto ao Ministério da Integração Nacional,  e posteriormente assinar a ordem de serviço para iniciar a obra do muro de contenção, das casas populares e da escola.

Texto e fotos de Claudimar Silva

Um comentário:

Gilmara S disse...

tomara que o muro seja feito quanto mas rápido...
pq se não a mar vai acabar de vez com a barrinha e ate o requenguela...