domingo, 2 de maio de 2010

OPOVO: Histórias de quem optou por ser diferente. E sofreu

Extraído do Jornal OPOVO Online:

Histórias de quem optou por ser diferente. E sofreu

01 Mai 2010 - 12h43min

Nem reajuste salarial era aprovado na Câmara Municipal de Icapuí, a 202 km de Fortaleza, à época em que o PT comandava a Prefeitura, no fim da década de 1980. ``Tivemos dificuldade no começo, sem ter feito alianças. Faltava visão estratégica``, lembra o suplente de deputado estadual e ex-prefeito daquela cidade, Dedé Teixeira. Na gestão do deputado federal petista José Airton Cirilo, em 1995, a oposição teria inviabilizado o Orçamento municipal e, no ano seguinte, foi necessário decreto de calamidade para se obterem recursos, lembra Teixeira.

É em nome da tal ``governabilidade``, para escapar de percalços como esses, que a maioria das siglas costuma suar a camisa para conquistar amplas coligações antes das eleições. Vale quase tudo para garantir uma zona de conforto após o pleito. Uma vez eleito, há quem pregue que somente com maioria no Legislativo é possível governar de forma eficiente. Será?

Ex-governador do Ceará por três mandatos, o hoje senador Tasso Jereissati (PSDB) disse ao O POVO, em entrevista exclusiva no fim de 2008, que é preciso ter ``nervos de aço`` para enfrentar uma Assembleia Legislativa lotada de opositores. ``Porque o que você apanha, todos os dias... Você precisa estar preparado. E aí eu lhe digo: hoje eu não aguentaria``, desabafou. O tucano foi o último governador a administrar o Ceará sem ter maioria na Assembleia, em seu primeiro governo, em 1986.

À revelia do que alega boa parte dos partidos e candidatos, o cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Valmir Lopes, ponderou que é possível, sim, realizar uma boa administração sem amplo apoio parlamentar. ``Depende do que você vai querer fazer. Se o governo não tiver de alterar nenhum artigo na Constituição, se não tiver interesse em fazer nenhuma reforma importante, não precisa ter maioria``, argumentou.

O povo como aliado
No Rio Grande do Sul, há um exemplo de que, dependendo das circunstâncias, é possível conduzir o Executivo sem grandes alianças. Ex-prefeito de Porto Alegre, de 1997 a 2000, o hoje deputado estadual gaúcho Raul Pont (PT) destaca que tinha como únicos aliados o PCdoB, PSB e PCB. ``Nós não conseguimos fazer nenhuma grande mudança tributária e tivemos dificuldades para aprovar uma reforma no Plano Diretor da cidade, mas isso não nos impediu de governar``, lembra Pont.

O segredo, segundo ele, foi contar com a participação popular para driblar a oposição na Câmara. Pont defende a lógica do Orçamento Participativo como estratégia. ``A maior parte das coisas eram aprovadas, porque os vereadores sabiam que eram matérias que tinham ressonância na sociedade, porque já haviam sido previamente aprovadas pela população e seriam cobradas, caso a Câmara se negasse a aprova-las``

Fonte: Jornal OPOVO

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