quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Artigo: A ditadura da nota

Escrito por Wellignton Pinto
Professor

Tem-se uma coisa que chateia o professor é divulgação de médias. É um inferno dantiano, alunos que pouco estudam são os mais revoltados, querem no grito entrar no paraíso, como se isso fosse possível. As facilidades hoje de aprovação é um fato lamentável, empurra para não dar prejuízo ao Estado, e só não passa quem não quer...

Na escola Futuro o procedimento avaliativo é o seguinte: a avaliação vale 7,0 pontos, trabalho 3,0,  e ainda tem os pontos extras. Veja um exemplo como os critérios avaliativos são bondosos: Dante fez a prova e tirou zero, copiou um trabalho da internet ganhou 3,0 participou da feira de ciências como turista e ganhou 1,0 ponto extra, umas atividades do livro copiadas do colega mais 1,0,  fez o SPAECE mais 1,0 ponto,  totalizando os pontos de Dante passou com média 6,0( média da escola do Futuro). E o mais escandaloso é quando o professor deixa na mesa o diário,  o aluno pega e adultera a nota, pra mais. Dante caminhando nessa pisada no final do ano será aprovado. Aí se faz uma grande indagação, Dante passou com notas (média), mas será que ele está preparado para enfrentar o mundo do conhecimento?

Por isso reforço a idéia que nota na mede conhecimento de ninguém. O aluno tem que estudar para aprender. Enquanto a nota for uma ditadura que só aprova quem alcançar a média desejada, não chegaremos a uma educação de qualidade. A nota tem que ser banida da escola, processual, derrubar essa ditadura não é fácil, mas para começar temos que dar menos importância à nota. Na escola o aluno não gosta de ler, não ler porque ler mal e tem vergonha de soletrar, se premiá-los com pontos, o desafio é aceito aos trancos e barrancos, e ler. Na vida de um amante dos livros ler é uma coisa  prazerosa, sem  recompensas.  A escrita é um terror, escrevem errado, “caligrafia” indecifrável, sem lógica nos argumentos, contam as linhas, uma carência de leitura, repetem a mesma frase, e até aumentam a letra para chegar ao tanto de linhas na qual o professor solicitou, como se o conhecimento tivesse limites.

Enquanto isso a elite se prepara nos melhores colégios, lêem os melhores livros, quem perde com essa deficiência é o filho do pobre. Quem não domina a escrita e a leitura estar fadado ao fracasso e a manipulação ideológica, se torna incapazes de fazer uma leitura crítica. Por falta de conhecimentos científicos e tecnológicos não chegarão às boas universidades e aos bons empregos, serão condenados a entrar no exército dos assalariados, os que têm um conhecimento básico, e os que acham que educação é besteira entrarão na fila do desemprego, e quando perder a “esperança de viver” entrarão na marginalidade, com vida curta, o tráfico ceifa os jovens muito cedo, seja na bala, no vício ou na rixa dos bandos.   

4 comentários:

Unknown disse...

Exelente reflexão!
Parabens professor Wellignton Pinto!

Unknown disse...

Exelente reflexão!
Parabens professor Wellignton Pinto!
socorro.

adriano disse...

Esse é um ótimo argumento, porém a sociedade busca os mais capacitados. O senhor citou um exemplo muito peculiar. Agora vou citar o meu, digamos que Dante tem um amigo e ele estudou pra tirar uma boa nota no teste. E realmente tirou, digamos que ele tirou 6 de dos 7 pontos em questão e por motivos particulares não participou da feira de ciências nem fez o resto das atividades extras, ficando com media 6. Na sala ao lado tem uma a garota que colou na prova e tirou 4 na prova, e fez tudo que o Dante fez. Ela ficou com a media escolar 10, certo meu caro mestre. Agora se ponha o senhor na posição de empregador. O senhor não conhece nenhum dos candidatos, o Senhor empregaria quais pessoas?
O Dante que não fez nada e ficou com 6, amigo do Dante que estudou e ficou com 6 ou a garota da outra sala que colou e ficou com 10? A resposta é meio obvia né... Então não faça criticas ao sistema de ensino, que ele é falho é fato. Mas isso não é coisa que eu ou o senhor possamos mudar, crescemos em meio a corrupção. Outra pergunta bem simples o senhor quer que seu filho tire nota 10 ou quer que ele domine o conteudo e fique com o minimo para passar?
Por mais que o senhor fale que quer que ele aprenda niguem vai acreditar. O que o senhor vai dizer para seus vizinhos?
Que seu filho é mestre e não consegue tirar uma nota maior do que quem não fez nada? O Convenhamos é meio contraditório...
E vamos falar francamente o senhor não esta fazendo uma crítica ao sistema de ensino... Esta fazendo uma crítica as escolas que lesiona. Tudo bem que o filho do pobre não tenha tantos recusos quanto o de uma pessoa rica, mas a vida como o senhor pode ver é uma caixinha de surpresas, não vou diminuir sua função de educador, ela é muito importante. Porem o Senhor estudou nos melhores colegios de sua época e é professor e o nosso amigo Francisco Everardo Oliveira Silva "vulgo TIRIRICA" É questionado se sabe ler e é deputado. Então Deixe que o "Dante" siga sua vida. pois O senhor está cego, esta deixando de olhar para uma floresta e esta apenas olhando para uma árvore. O mundo é igual para todos não ha porque o "Dante se ferrar e cair no mundo do trafico" Ele também pode dar a volta por cima. Obrigado pelo espaço, um Ótimo natal e um prospero ano novo, lembre-se nunca é tarde para mudar, comece o senhor a Mudar o "Dante que existe no senhor. Atenciosamente um Eterno aluno do terceiro ano C de 2007.

Adriano Rebouças Santos

Prof. Mauro disse...

Caro Wellington, sua reflexão é salutar, porém venho discordar um pouco do texto, pois nas entrelinhas ele aponta o aluno, a escola e o sistema educacional como causadores dos problemas elencados. Ai pergunto e o professor e sua função primordial onde fica? Você se refere ao professor como um ser passivo, que estar na escola apenas para cumprir a carga horária e não consegue impor nada, mudar nada, apenas aceita o que é pensado pelos que gerenciam a educação. Lembro muito bem quando era aluno, esse sistema que critica agora era o mesmo de hoje e acredito até mais rigido e muitos de nós estamos formados, com estabilidade fiananceira, frequentando mestrados, sendo professores universitários. Vejo que isso não foi prejudicial mais sim providencial para que lutassemos pelo conhecimento. Me referindo ainda ao professor não esqueça que ele é parte impressindível no processo ensino-aprendizagem, e sendo assim, é ele quem gerencia o trabalho pedagógico em sala. Sei que é dificil lidar com os problemas que enfrentamos em sala, pois sou professor, mais posso dizer que nós temos a capacidade de transformar através da palavra, do conhecimento libertador; mais para isso é preciso vontade, carisma, credibilidade. Não adianta criticar os outros sem olharmos também para nós. Lembro muito bem de suas aulas, que em 1999 eram excelentes, fazia gosto assistir, e, elas nos ajudaram a trilhar novos caminhos após o Ensino Médio. Continue a dar aulas cativantes, pare de colocar a culpa em tudo e haja com a mesma vontade que lhe guiava antes, que com certeza os frutos virão. Saia dessa mesmisse de apenas criticar e faça a sua parte da melhor forma que puder, pois a marca que deixamos é importante para os alunos. Posso efetivamente dizer que você deixou boas marcas na minha formação e de meus colegas. Porque não deixar essas mesmas marcas na formação dos seus alunos de hoje? Será que a escola mudou tanto assim ou você mudou a ponto de perceber apenas as falhas alheias e não enxergar a sua parte?
Não esqueça que além de ser professor você é um instigador de sonhos, de valores. Sendo assim faça isso com todo o prazer e com a maestria que possui. Sei que isso lhe trará novos ares. Acredito no seu potencial. Abraços de um aluno que lhe admira muito e que escreve isso com os olhos de aluno e coração de professor.