terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Artigo: E eu aqui na praça (na praça?) dando milho aos pombos....!

Desculpem a ausência, mas certos silêncios são fundamentais. De qualquer forma, como bem disse o poeta, “a ausência não é falta”. Esse vácuo que possa ter aparecido foi muito bem suprido por excelentes textos de outros colegas. Retomo, feliz, as reflexões, por força de uma motivação gerada “nos bares da vida” em conversa com pessoa comuns.
Seguindo os motes dos demais textos produzidos, minhas palavras impulsionam-se sim por coisas que acontecem ao nosso redor, e talvez, por isso, tenham sido reduzidas nos últimos dias. Talvez o problema seja mesmo saber se está acontecendo ou não algo nessa cidade. Vejam que ironia e que problema sério: tem algo acontecendo em Icapuí? Habilitem-se a responder! E se não estão acontecendo coisas, porque não estão? E se estão, que tipo de acontecimentos?
São dois os caminhos possíveis, e que por natureza política estão imbrincados. O primeiro atesta o marasmo e o”paradeiro” que assola o município há tempos apontados por nós. O segundo, rebocado pelo primeiro, contesta o alheamento da população frente a fatos visivelmente caóticos do lugar sem nenhuma reação aparente. Uma sensação de “durmência” que não é peciuliar ao povo praiano. Aprendi desde cedo que este povo icapuiense é inquieto e reaje sempre. Nos últimos tempos não tenho visto essa característica, seja lá o que tenha causado tal postura.
Nesse rumo, podemos concluir que estamos todos vendo “tudo isso acontecendo” e nós “aqui na praça dando milho aos pombos”. Concretamente, fica até difícil estar nessa posição, já que “praça” no sentido real da palavra, nós não temos faz tempo, e não é de hoje. Quem dirá pombos! Aliás, esse é um exemplo bastante claro para ilustrar nosso “deixa estar pra ver como é que fica” em relação a maioria das políticas públicas municipais. O que existia de “projeto de praça” no centro de Icapuí encontra-se hoje em estado vergonhoso. E pior, ninguém reaje, sequer contesta essa situação. Oportuna essa exemplificação, mediante o fato de que nossa praça central vem sendo historicamente espaço de festejos populares e vitrine para muitos turistas, em espacial nas viradas de ano.
Engalfinhado com esse exemplo, muitos outros podem ser elencados, e essa tarefa eu deixo para os leitores como reflexão de fim de ano. Tem muita coisa acontecendo, e nós continuamos apáticos, vendo tudo passar e sem nenhuma tomada de posição, sem nenhuma contestação. Atribuo essa prática à cultura paternalista e individualista que se vem cultuando ultimamente. Aquela de que “se está bom para mim, os outros que se danem”.
Quem sabe a gente possa deixar mais de lado as mensagens mais românticas e foquemos nossos votos de ano novo em estimular os demais a olhar em sua volta e deixar essa posição de estar na praça (na praça?) dando milho aos pombos. Traduzindo, que se retome a voz em vez do silêncio, que renasça a inquietação e não o marasmo, que se reative o poder de criticar e não de calar, que se forge a capacidade de enxergar e apontar os problemas e não de ignorá-los, entre outras posições que não essa de apatia.
Vejo que isso é por demais saudável para este “torrão natal”, já que todos queremos o melhor para ele neste novo ano que virá. Considero que será infinitamente recompensável para nós como população, posto que aquilo que faz bem ao coletivo respinga comumente em cada um de forma intensa e fortalecedora. Tomara que este ano a gente vá para a praça (?) ver a virada do ano pelo menos pensando um pouco nisso tudo que está acontecendo.

3 comentários:

Corpo meu, minha morada! disse...

Adoro ler seus textos Clotenir!

A transformação está em cada um de nós, e ainda, transformar cada um é responsabilidade nossa! Você transforma quando estimula a ampliação do olhar e provoca uma reflexão crítica!

PARABÉNS.

Laís Teixeira

Prof. Mauro disse...

Escreves com maestria. Pena que nossa população ainda não acordou para ver a situação em que nossa cidade se encontra. Mais aos poucos creio que isso irá mudar. Que o ano novo próximo possa trazer a nossa cidade novos ares, e, que com eles venham a motivação e inquetação de uma Icapuí mais justa, humana, desenvolvida, onde de fato e de direito o povo possa efetivamente constuir o novo, pois até o presente momento não vejo nada disso. Parabéns! Um ótimo 2011 para vc. Abraços!

Marquinhos disse...

Clotenir, muito bom você esta de volta com seus artigos, eles realmente representa o contidiano da nossa cidade.