quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Jornal O Povo: Dedé Teixeira fala sobre a despedida do presidente Lula

Em matéria publicada hoje no site O Povo Online, um reportagem especial sobre a era Lula na presidência do Brasil dar destaque a amizade do Deputado Estadual Dedé Teixeira (PT) com o quase ex-presidente. Segundo a reportagem, a amizade dos dois começou em meados de 1989, quando Dedé ainda era prefeito de Icapuí, e desde então vem acompanhando de perto a trajetória do sindicalista que chegou à presidência da república.

Veja a matéria:
(Foto: O Povo/Wilson Dias)
Diário do Nordeste (30/12/2010)
Caderno Política
O sindicalista e o presidente

Na última reportagem da série especial sobre a era Lula, O POVO traça um paralelo entre o petista que assumiu o poder em 2003 e o que se despede agora da Presidência. Em alguns momentos, esse ''Lulas'' se cruzam

Não são só alguns fios de cabelo branco a mais na cabeça ou as novas marcas de expressão no rosto que distinguem aquele Lula que assumiu a Presidência do País em 2003 do Lula que se despede depois de amanhã do poder. As diferenças entre o petista recém-eleito - isso depois de três tentativas - do que descerá a rampa do Palácio do Planalto logo mais vão muito além da aparência física.

Com a mesma espontaneidade e sem abrir mão de certas manias, Luiz Inácio Lula da Silva saiu da condição de ex-sindicalista para se tornar um dos estadistas mais respeitados do mundo. Deixa a presidência com uma popularidade nunca antes vista, o que demonstra um relevante grau de evolução como homem público reconhecido por quase toda a nação.

É o resultado de quem passou pelas mais diversas experiências - positivas e negativas -, enfrentou contradições, mediou conflitos, superou limites e escreveu um dos capítulos mais importantes da nossa História. Se o Brasil mudou em certos aspectos, Lula mudou junto com ele. E ninguém melhor para falar sobre essas transformações do que quem convive, ou conviveu, de perto com o quase ex-presidente.

É o caso do deputado estadual Dedé Teixeira (PT). A amizade entre ele e Lula começou lá pelos idos de 1989, quando Dedé ainda era prefeito de Icapuí, cidade localizada no litoral oeste do Ceará. Para ele, o companheiro mais famoso do PT ganhou muita experiência nos últimos oito anos, mas sem jamais perder a humildade.

“Ele nunca esqueceu o que ele foi ou o que ele representou. Ele preza muito pela origem, pela forma com ele se constituiu como cidadão. Isso faz de Lula uma pessoa cada vez mais atuante e apaixonada pelo que faz, apaixonada pelo Brasil”, destaca Dedé Teixeira.

Dedé prevê ainda que seu amigo dificilmente consiguirá ter uma vida normal depois que descer a rampa do Palácio do Planalto. “Ele vai querer ter uma vida mais tranquila, mas não vai conseguir, porque por onde ele passar vai causar tumulto”, analisa.

Deputado federal pelo PT, José Guimarães reconhece que o Lula de 2010 é mais preparado que o de 2003, tornando-se uma referência para as esquerdas e para todas as democracias do mundo. “Lula soube conduzir o Brasil para o caminho que os brasileiros desejavam. É um legado que impôs profundas transformações na sua vida pessoal e política”, avalia.

O que não muda em Lula, de acordo com o petista, são os princípios que nortearam a sua construção como liderança sindical. “Tudo isso permanece no Lula presidente. O que mudou foi a forma. É um estadista moderno para o seu tempo”, afirma Guimarães.

Lições práticas
Cientista político da Universidade de Brasília (UnB), o professor David Fleischer destaca a difícil relação do presidente com o Senado - principalmente durante seu segundo mandato - como um dos fatores preponderantes para mudanças pessoais e no modo de ver a política.”Ele aprendeu a negociar ainda mais e a saber perder”, afirma Fleisher. Exceção, é claro, para a não prorrogação da CPMF, que até hoje o presidente não digeriu.

Um ponto negativo observado pelo cientista político nesse “novo Lula” foi a tentativa do presidente de interferir em assuntos externos, como no caso do acordo nuclear no Irã para enriquecimento de urânio, que acabou rejeitado pela Organização das Nações Unidas (Onu).

“Foi uma coisa não muito bem pensada e a própria Dilma disse que isso foi um erro. Lula também é criticado por paparicar demais o Evo Morales (presidente da Bolívia), o Hugo Chaves (presidente da Venezuela) e continuar tendo relações muito fortes com Cuba”, avalia Fleischer.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

No decorrer de dois governos, Lula assumiu uma postura conciliadora que lhe seria fundamental, em muitos momentos, especialmente nas administrações das crises políticas. É muito por isso que chega ao fim do mandato com popularidade recorde

Ítalo Coriolano
coriolano@opovo.com.br

Retirado do Jornal O Povo Online (30.12.2010)

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