segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Diário do Nordeste: Cultivo em tanque ampliará produção de Algas

Toda tarde, as participantes se reúnem na casa-sede do projeto e
produzem mousses, gelatinas,panquecas à base de alga. Alguns gêneros
são introduzidos na merenda escolar de Icapuí
CLAUDIMAR SILVA
Além de Icapuí, mais seis Municípios poderão entrar na atividade de beneficiamento da alga marinha no Estado

Icapuí. Considerado um tesouro na beira do mar, as algas marinhas hoje cultivadas e beneficiadas pelas moradores do litoral podem também ser o investimento de grandes grupos empresariais. O Governo do Estado do Ceará assinou, em maio deste ano, um "memorando de intenções" com a empresa Sete Ondas Biomar, para produção de algas úmidas. É o primeiro passo para a criação de algas marinhas em tanques nos municípios de Icapuí, Aracati, São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Trairi, Acaraú e Camocim. As algas são insumo para a indústria de achocolatados e também de sorvetes.


A Associação dos Moradores de Barrinha, em Icapuí, que desenvolve o Projeto Mulheres de Corpo e Alga, já foi contatada pela empresa Biomar, sobre o projeto de cultivo de algas úmidas, principalmente as do gênero Epinéia. Delas se produz a goma Carragena, um importante estabilizante utilizado na indústria alimentícia de produção de achocolatados e sorvetes. "Eles propuseram que as comunidades do litoral de Icapuí se articulassem em grupos, mas depois não entraram mais em contato com a gente", afirma Maria Leidiane.

Comunidade em alerta
A empresa Sete Ondas Biomar pretende produzir no Ceará 800 mil toneladas por mês de Carragena. O insumo é produzido atualmente em 42 países. No Brasil, a situação é recente e, embora artesanal, os moradores alertam que não querem perder a autonomia de seu cultivo. Eles têm medo que, com vistas nos rendimentos da atividade, grandes empresários aliciem grupos de catadores e estes, não detendo mais o meio de produção, continuem como mão de obra barata apenas resumida a catadores e sem participação nos lucros.

É um receio que já deve ser pensado pelo Governo do Estado. Para Fernando Pessoa, diretor de agronegócios da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), será um "resgate social para as comunidades litorâneas do Ceará". Mas para as mulheres da Barrinha, a inserção social já começou quando foram capacitadas pela Fundação Brasil Cidadão e, por iniciativa e custo próprios, processam e beneficiam algas para a fabricação de alimentos e cosméticos.

Projeto Algas do Ceará, da parceria Governo do Estado e a empresa Sete Ondas Biomar, pretende investir R$ 66 milhões na implantação de estruturas de cultivo de algas úmidas nos sete Municípios citados.

O prazo de implantação do projeto é de três anos, agregando três mil produtores. O Governo participa com infraestrutura e outorgas ambientais e o Banco do Brasil é o agente financeiro de crédito para os pequenos produtores pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Sebrae e a empresa Biomar devem ficar responsáveis pela capacitação dos produtores para as tecnologias  e produção. A Biomar demanda cerca de oito milhões de toneladas de algas úmidas por ano.


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