sábado, 19 de setembro de 2009

Diário do Nordeste: Protesto em Icapuí termina em vandalismo

Retirado do Jornal Diário do Nordeste:


Protesto em Icapuí termina em vandalismo

Os dois grupos de pescadores e o prefeito de Icapuí se reunirão, na próxima semana, com representantes do Ibama

Icapuí. Um protesto que pedia e, ao mesmo tempo, criticava a fiscalização, levou pânico e violência ao município de Icapuí, ontem. Pescadores de lagosta que usam compressores de mergulho reuniram-se no Centro para pedir encontro com o Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis (Ibama) e a Prefeitura.

Mas os ânimos se acirraram e um grupo de pescadores praticou atos de vandalismo. Dois carros da Prefeitura foram incendiados, janelas da Câmara quebradas, lançada bomba caseira e interditadas as principais ruas de acesso ao local. O comércio baixou as portas. O tumulto durou mais de cinco horas.

É um problema antigo, que vai das ameaças verbais, destruição de equipamentos, barcos incendiados e até mesmo morte. Pescadores artesanais versus pescadores "alternativos", ou seja, mergulhadores com compressores que e capturam as lagostas diretamente no fundo do mar. No meio disso, está a fiscalização do Ibama, que é questionada por aprisionar os barcos irregulares, mas também pelos poucos fiscais para toda a costa litorânea. O resultado: a "fiscalização" acaba sendo feita, de forma perigosa, pelos próprios pescadores, que tentam fazer justiça com as próprias mãos.

O protesto entre pescadores de lagosta no Centro de Icapuí começou por volta das 8 horas. Eles acusam um grupo da praia de Redonda de fazer, indevidamente, a apreensão de barcos dos que fazem a pesca alternativa. "Eles não têm legitimidade para isso. Só quem pode fiscalizar no mar é a Justiça federal, o IBAMA e a Marinha", coloca o biólogo Cláudio Roberto, vice-presidente da Associação dos Pequenos Produtores de Pesca Alternativa de Icapuí. "Perdemos o controle", afirma o líder dos pescadores.

Isso porque um pequeno grupo, dentre os mais de mil pescadores presentes no protesto, radicalizou: invadiu a garagem da Secretaria Municipal de Obras, retirou um caminhão limpa-fossa e uma carroceria de carregar lixo, e incendiou-os. Caminharam em direção à Câmara Municipal e destruíram janelas de vidro. Minutos antes, os vereadores, que estavam em sessão ordinária, foram obrigados a suspender a reunião.

Os que fazem a pesca alternativa (sem usar manzoás) são maioria no município - cerca de 80% -, segundo o líder Claudio Roberto. Mas também são os mais irregulares, já que a maioria dos instrumentos utilizados não são aceitos pelo Ibama.

O pescador Maurício Valente, da Associação Monsenhor Diomedes, de Redonda, onde ficam os pescadores artesanais, criticou o protesto de ontem: "eles (mergulhadores) não respeitam o defeso, não respeitam limite de área, de profundidade. Mergulham dentro da área dos pescadores artesanais, destroem os manzoás, e deixam a gente com as mãos abanando".

O prefeito José Edilson da Silva pediu calma. Ficou "resolvido" que uma comissão de pescadores e o prefeito vão se reunir, no início da próxima semana, com a superintendência do Ibama, em Fortaleza.

MELQUÍADES JÚNIOR
COLABORADOR

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