sábado, 19 de setembro de 2009

OPOVO: Clima de guerra entre pescadores

Matéria que saiu no Jornal OPOVO de hoje.


Um grupo de pescadores invadiu a sede da Câmara e ateou fogo em equipamentos da cidades. A briga é pela pesca da lagosta.

Daniela Nogueira
enviada a Icapuí
danielanogueira@opovo.com.br

19 Set 2009 - 00h33min

Pescadores estão fazendo fiscalização por conta própria para evitar pesca irregular  (Foto: IGOR DE MELO)

A guerra em alto-mar chegou à terra. É assim que a população de Icapuí, a 202 quilômetros de Fortaleza, tem narrado o que a cidade está vivendo nos últimos meses. Na manhã de ontem, um grupo de pescadores ocupou o prédio da Câmara Municipal, ateou fogo em contêineres de lixo e interditou ruas. Comerciantes tiveram de fechar seus estabelecimentos. Segundo os manifestantes, o protesto era um pedido de proteção, já que eles estariam sofrendo agressões dos pescadores da Praia da Redonda. Somente por volta das 14 horas é que a Câmara foi desocupada.

Os pescadores de Icapuí utilizam, para a pesca da lagosta, equipamentos proibidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), como a rede caçoeira e o compressor. Esses equipamentos capturam até a lagosta miúda. Os pescadores de Redonda, que obedecem à lei e fazem a pesca artesanal, teriam se irritado com a falta de fiscalização e agredido os trabalhadores de Icapuí, em alto-mar. Apreenderam dois barcos, queimaram outros três e afundaram um.

A situação entre os dois lados está tão difícil que os pescadores de uma praia não podem andar na outra. Até a ida para o mar está amedrontando os homens. ``Eles fazem uma pesca proibida. Estão acabando com a gente. Antes, o quilo da lagosta chegava a R$ 120. Agora, a gente está vendendo a lagosta com cabeça por R$ 10``, reclama Edvaldo Reinaldo de Lima, o Badinho, 40. Segundo ele, os pescadores com compressor ivadem o mar da Redonda para levar a lagosta de lá.

Eles confirmam que apreenderam barcos com compressor e resolveram agir assim porque não aguentam mais ter prejuízo. O medo é de que o conflito termine em morte. ``Só está faltando isso mesmo. A gente está fazendo o papel do Ibama, fiscalizando``, relata o pescador Josadá Sebastião da Silva. Como os pescadores artesanais utilizam barco a vela, capturam bem menos lagosta do que os outros, com barco a motor.

Para o pescador César Nildo José da Silva, em ``um dia bom``, dá para trazer até 30 quilos de lagosta, com a pesca artesanal. Ele estima que o barco com compressor captura até 300 quilos em um dia. Os trabalhadores de Icapuí admitem que fazem uso do equipamento ilegal e alegam que o protesto de ontem teve o intuito de chamar a atenção para alguma providência.

Francisco José Rebouças dos Santos, o Zezinho, de Icapuí, cita que está sendo ameaçado pelos pescadores artesanais. ``Com o manzuá, não dá para manter. A gente tem gasto com óleo, com gasolina``, justifica. Mas, para Zezinho, a fiscalização tem de ser feita pelo Ibama, não por outros pescadores. ``Não vou arriscar minha vida``, evidencia o medo. Outro pescador que também utiliza equipamento ilegal reclama. ``Eles vão armados para o mar, tudo encapuzado. Açoitam a gente, sacodem a gente no mar``, narra Francisco Simão dos Santos. Na praia da Redonda, os homens negam. ``A gente quer é paz, e não conflito no mar``, conclui o Badinho


E-Mais

>Os alunos da Praia da Redonda que estudam em Icapuí tiveram de voltar a pé para casa ou de moto, porque os ônibus escolares foram impedidos de sair da sede. À noite, os alunos da Redonda não foram à escola, na sede de Icapuí, com medo.

>Na Praia da Redonda, dois barcos estão fazendo a fiscalização dos pescadores

>Uma manifestação está sendo planejada para amanhã, domingo, na Redonda. Os pescadores e seus familiares programam sair pelas ruas, com faixas e cartazes, pedindo fiscalização das autoridades e paz aos demais pescadores.

>Um dos dois barcos apreendidos pelos pescadores da Praia da Redonda pertence, segundo eles, ao prefeito de Icapuí, Irmão Edilson. O POVO procurou o prefeito ontem na cidade, mas ele não foi encontrado. Os dois números de celular dele estavam desligados ou fora da área de cobertura.

>A Polícia alega que não há como impedir o conflito. ``Eles interditam as estradas. Não tem como entrar. Este conflito se arrasta há meses``, cita o soldado Arleudo Vagner, de Icapuí.

Outro texto que saiu no jornal.

O cidadão

Alerta

(Foto: IGOR DE MELO)
O pescador José Ferreira FIlho, o Zé Maia, da Praia da Redonda resume: a concorrência é injusta. ``Queremos reivindicar nossos direitos. A gente só pega o que entra no manzuá, eles pegam tudo``, queixa-se. Zé Maia diz que a situação está tão ``pesada`` que pode acontecer ``algo pior``.

Ibama diz manter vigilância


O coordenador de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roufran Cacho Ribeiro, disse que os trabalhos de inspeção estão sendo feitos há 25 dias na Praia de Redonda. ``Enquanto nós fazemos a vigilância naquela área, tudo ocorre tranquilamente, o problema só se agrava quando nós saímos do local. O que não podemos é passar de janeiro a dezembro parados em uma praia apenas``, relatou Roufran.

Segundo ele dez homens do Ibama, entre inspetores e policiais ambientais, estão vistoriando toda orla em duas lanchas alugadas, ao custo de R$ 5 mil reais por dia. Na quinta-feira houve uma reunião entre os órgãos da Marinha, Polícia Federal e representantes do Ministério da Pesca, onde ficou decidido que o trabalho deve ampliado para além das fiscalizações já realizadas pelo Ibama.

Sobre o vandalismo, Roufran disse que é uma forma de chamar a atenção do poder público. Segundo ele, a pena para quem for pego realizando pesca predatória é de 6 meses a um ano de reclusão, além de multa. (colaborou Miguel Martins)

Para ler a matéria clique nos links abaixo:
http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/910784.html
http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/910785.html

2 comentários:

Adolfo Maia disse...

O que me chama mais atenção nessa matéria do jornal O POVO é uma nota no E mais, falando que um dos barcos apreendidos é do Prefeito Irmão Edilson.

Como eu moro em frente ao local da barricada que fizeram na Avenida Jardim Paraiso, a foligens da queima dos pneus foi direto para minha casa e casas vizinhas, ontem passamos o resto do dia lavando a casa e ainda não saiu o pó desse protesto sem sentido que ocorreu ontem, fazendo um ajuste num ditado muito utilizado nos ultimos anos em Icapui, dizemos "enquanto a caravana passa, o lixo fica".

Abraços

Anônimo disse...

Acrisio felipe de lima moro em São paulo a 11 anos sou apaixonado pela redonda fico muito triste em saber que nossas autoridade não tem dinheiro para conprar um barco e miuta piada eles não pecebem que a população ja esta de saco cheio de suas malicias vagabundos robam todo dia e não tem dinheiro a população merece mais compra 3 basco e um aviõa