quarta-feira, 18 de maio de 2011

Artigo: A relação Consumidor x Produto: realidade e perspectivas do consumo.

Escrito por Valdisio Saulo Rebouças
Estudante do Curso de Tecnologia em Marketing, pela Universidade Potiguar – UnP.


Consumidor, no sentido amplo, significa, segundo o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final". Conforme o mesmo Código, mais precisamente o que está contido no parágrafo único do artigo 2º: "Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo".

Assim sendo, consumidor pode ser traduzido como todo ser social que, dentro de suas concepções de vida, adquire bens reais ou simbólicos, para satisfazer seus desejos e necessidades.

Produto, por sua vez, é entendido por Semenik, Richard e Bamossy Gary (1995) como um conjunto de atributos tangíveis e intangíveis, que proporciona benefícios reais ou imaginários, com o propósito de satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores.

Mas, como se dá a relação entre consumidor e produto, já que ambos são, por natureza, distintos? Ora, a resposta está no seio do consumismo que se faz presente na contemporaneidade. Surge da necessidade que as pessoas têm de possuírem determinados produtos, com a esperança de que eles possam acrescentar valores às suas vidas. E como se não bastasse, as pessoas sempre criam novas necessidades, como num ciclo ininterrupto, para as quais almejam sempre novos produtos que acreditam satisfazê-las, até que surjam novos desejos.



A esse respeito, Jacob Gorender (1999, p. 125), apresenta sua visão da sociedade como um lugar de consumo, uma sociedade capitalista, do espetáculo, entendendo que para a mesma “importa mais do que tudo a imagem, a aparência, a exibição. (...) A alienação do ser toma o lugar do próprio ser. A aparência se impõe por cima da existência. Parecer é mais importante do que ser”. Nesse caso, parece-nos que a ostentação do consumo chega a valer, em muitas ocasiões, mais que o próprio consumo. É como se o indivíduo fosse levado a consumir pelo desejo de mostrar que pode consumir, e aí transmitir a quase sempre falsa imagem de alguém que evidentemente não o é.

Desse modo, a relação estabelecida entre consumidor e produto não se limita apenas ao adquirir para fazer uso. Mas, é como se um complementasse o outro. O possuir passa, então, a fazer parte do ser, e, do ponto de vista mercadológico, isso é um tanto paradoxal. As pessoas vêem os produtos como complementos de algo que até então não possuíam ou que desejavam aprimorar. E nisso, as marcas possuem fundamental participação, como influenciadoras do intelecto humano.

Com a modernização dos meios de comunicação, estão surgindo novas oportunidades de conhecer as expectativas e anseios dos consumidores, e a disputa comercial por atendê-los de modo a gerar satisfação está um tanto acirrada. Dia após dia estão surgindo produtos inovadores e, com a mesma velocidade que são lançados no mercado, estão sujeitos a virem a ser ultrapassados.

Não obstante, o consumidor frente a essa mutação veloz de produtos e do próprio mercado fica à procura daquilo que lhe será mais vantajoso obter e até dialoga com as empresas para aperfeiçoarem os produtos, de modo que alcancem o patamar que desejam. E o que desejam é também modificado muito depressa.

Para Kotler e Keller (2006), uma vez que o propósito do marketing centra-se em atender e satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores, torna-se fundamental conhecer o seu comportamento de compra. E é justamente isso que parece estar acontecendo com bastante veemência nos dias atuais.

Como se pode observar, é imprescindível que se tenha como entes formadores da relação de consumo essas duas figuras: o consumidor e o produto. O primeiro caminha em busca de produtos capazes de satisfazer seus desejos e necessidades, e este último busca atendê-las com precisão, deixando porém algumas lacunas a serem preenchidas com o consumo de outros novos produtos.

Baudrillard,(1993, p. 206) sugere que “o consumo é um modo ativo de relação (não apenas com os objetos, mas com a coletividade e com o mundo), um modo de atividade sistemática e de resposta global no qual se funda nosso sistema cultural”. Então, verificada uma relação entre produto e consumidor, está perfeitamente configurada uma relação de consumo. Desta feita, está claro que a importância dessa relação pode ser notada na realidade do próprio mercado, no aprimoramento dos produtos lançados, na criação de novos produtos, no atendimento às exigências do consumidor e na harmonização do consumo. Daí a razão de Zigmunt Balman (1998, p. 55) ao citar que “quanto mais eficaz a sedução do mercado, mais a sociedade de consumidores é segura e próspera”. (...) mais amplo e mais profundo é o hiato entre os que desejam e os que podem satisfazer os seus desejos”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva, 1993.

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998

GORENDER, Jacob. Marxismo sem utopias. São Paulo: Ática, 1999.

GRINOVER, Ada Pellegrini... [et.al.].Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.

KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

SEMENIK, Richard J. & BAMOSSY, Gary J. Princípios de marketing: uma perspectiva global. São Paulo: Makron Books, 1995.

* recebido por e-mail.

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