segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Artigo: Isso é lá leis home?

Como muitos outros, este final de semana fui surpreendido pela existência de uma barricada montada pelos pescadores de Barrinha, Tremembé e do Centro da cidade, em protesto à mais uma ação dos pescadores de Redonda na fiscalização e defesa dos espaços e condições de pesca naquela região. A visão mais uma vez me indignou pela compreensão que tenho de que isso está relacionado a uma ausência de governo, como imediatamente externei naquele momento a uma pessoa ali presente e a uma amiga que me abordou na serra de mutamba por onde tive que passar para poder exercer meu direito de ir e vir em paz.

Não consigo visualizar outra coisa senão isso, a ausência de comando nesta situação. Um outro dia comentei com um conhecido amigo que neste conflito haveria que alguém tomar o "governo" e mediar as situações e os interesses. É isso que chamo de ausência de governo. Algo sem governo é algo que não tem quem comande. Todos tomam suas decisões, da forma que bem acham que deva ser, e aí, fica assim: barcos queimados, pescadores correndo risco de morte, agressão física e moral, barricadas, conflitos entre irmãos da mesma classe e cidade, etc. Nesta situação, tomo de empréstimo uma expressão própria da Redonda: "Isso é lá leis home??

Fazendo coro a outras opiniões e vozes neste blog, reafirmo que falta quem "tome de conta", especialmente porque estará tomando de conta do município como um todo. Enquanto todos estiverem decidindo "fazer justiça com as próprias mãos" o processo se afunila para condições cada vez mais periclitantes. E desse jeito, num exercício de "toma que o filho é teu" que as diversas instâncias e esferas de governo vem tomando, o fenômeno toma proporçoes incontroláveis. Fica a impressão de que nínguém quer "se queimar" na conciliação do problema, deixando-a à mercê de um tendencioso "faroeste caboclo".

Há então que aparecer alguém ou alguma instituição, de preferência interna, que "governe" essa problemática. Que se proponha a conduzir os envolvidos a um exercício amplo de diálogo onde  ambos os lados atingidos terão que perder e ganhar para se viver em paz. Assumir o governo do conflito e conduzí-lo para águas mais mansas é algo difícil, mas necessário. Precisa ter habilidades importantes, especialmente diálogo, e um olhar para além dos vieses político-partidários.

Mas independente disso, penso que a situação é definitivamente um problema local, e por mais que envolva instâncias externas, precisamos olhar para ela como algo que se precisar "cuidar" com os esforços internos, das lideranças internas, e aí, os poderes municipais são convidados a tomar posição e assumir "o filho", congregando forças da instância judiciária, executiva e legislativa para a "abraçarem" como coisa particular. Sem deixar, é claro, as instâncias de controle social de fora.

Sem estes esforços fica o que se está instalando: uma sensação de ausência de leis, de governo, de responsabilidades, de tomada de posição, de enfrentamento do problema, enfim de verdadeira decisão em cooperar com os pescadores para reestabelecer a tranquilidade e a segurança no trabalho. E na cidade, por imediata consequência.

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