quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Bodega Cultural: Barbárie Praiana

No Bodega Cultural de Carlinhos Medeiros, um leitor do blog fez um texto interessante, no comentários de um artigo, onde ele coloca seu ponto de vista sobre o conflito que se arrasta em Icapuí, e que Carlinhos fez a brilhante atitude de destacar em um artigo próprio, ao qual reproduzimos aqui n´ACIDADEICAPUI:


Barbárie Praiana
Escrito por um Anônimo

A natureza foi generosa com Icapuí, com suas praias e com seu povo, mas seu povo tem sido vergonhosamente incapaz de gerenciar tão grandes dádivas.

Quem não lembra, anos 80, dos "redondeiros" com suas carteiras recheadas de grandes notas de dinheiro novas? Quem não lembra dos "tremembeenses" esnobando em suas motos e carros novos? Quem não lembra dos banhos de cerveja nas festas de padroeiros e dos forrós animados? Há quem lembre até dos ônibus com prostitutas chegando para animar as festas profanas. [...]

Mas Icapuí não foi bem administrada desde os tempos em que se transformou em cidade. Primeiro, o poder público não foi capaz de estancar a exploração irracional da lagosta, o crustáceo responsável pelos arroubos de riqueza dos pescadores. Em segundo lugar, não foi capaz de produzir saídas sustentáveis para uma possível diminuição no estoque de lagostas no litoral do município.

Assim, não conseguiu desenvolver a agricultura familiar, não conseguiu trazer indústrias ou empresas de serviços que absorvessem a mão-de-obra local. Em terceiro lugar, não desenvolveu um sistema popular e solidário que propiciasse consciência e solidariedade nas relações econômicas, principalmente na cadeia da pesca.

Resultado? A riqueza se esgotou e como bárbaros ou selvagens, os pescadores se lançam ao mar pra matar ou morrer em busca do ouro perdido. Poluem o mar com sucatas, usam sistemas de posicionamento global, mergulham, pescam e vendem lagosta pequena e agora por último mantém uma guerrilha sanguinária.

E o Poder Público, não diferentemente do que tem feito nos últimos vinte e quatro anos, assiste de camarote como se nada tivesse a ver. Em uma ponta pais de família correm o risco de morrer na busca pelo sustento, na outra outros pais de família correm o risco de se transformarem em assassinos na defesa do que considera seu por natureza.

Patéticos, prefeitura municipal, representantes do legislativo, polícia militar, IBAMA, SEMACE, etc., ouvem as notícias e nada fazem. Barreiras de pedra se erguem nas vias principais, um clima de tensão se cria e ninguém senta para negociar, para propor ações, para decidir.

Pobre Icapuí, rica por natureza, pobre de sociedade. Teu futuro se desenha no cotidiano vergonhoso que te impuseram. Pessoas à porta da prefeitura mendigando esmolas, saúde caótica, educação de faz-de-conta. Segurança ausente, infra-estrutura decadente, riquezas naturais em extinção.

Fica fácil imaginar qual será teu futuro Icapuí, ao se ver quadras de escolas usadas por usuários de drogas para o consumo da maconha e do crack; ao se perceber o crescimento assustador do número de assaltos e roubos; ao se encontrar com jovens desempregados que apenas ficam na torcida de um partido sair do poder e o outro entrar para conseguirem um empreguinho de merda com validade máxima de oito anos (se a reeleição se confirmar)...

Acorda canoa lenta, ou a barbárie que já dá sinais claros de instalação, será a tua realidade e o teu cotidiano. Acorda para a necessidade de se criar novos líderes, senão verás pragas se abaterem sob o sol forte que vos ilumina. Acorda para a ação responsável, senão experimentarás a degradação das famílias pela ação da droga, do crime e da miséria. (...)

CLIQUE AQUI para ler o comentário de Carlinhos Medeiros sobre esse artigo.
Fonte: Blog Bodega Cultural

Um comentário:

Caleidoscópio disse...

Esse é o verdadeiro histórico de Icapuí. Muito bom saber que existem pessoas que não são míopes aos problemas de nossa cidade!