segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Pescadores Parados

Continuação da Matéria "Conflitos distanciam os pescadores do mar"

ParadosPescador esquecido pelos programas do governo que incentivam a pesca no Brasil

A visita da nossa equipe à praia coincidiu com o período no qual as famílias tiveram como alternativa à pesca a cata do búzio. Mas este também rareou e, conforme Fátima Ventura, mulher de pescador, eles estão "se virando do jeito que Deus quer". A situação já se estende por dois meses. "Só vai para o mar quem precisa mesmo", diz.

Rolfran Cacho Ribeiro, coordenador de fiscalização do Ibama, relata que o órgão realizou, em Icapuí, operação em terra e no mar, em outubro passado, com as polícias Federal, Militar e Civil, utilizando lanchas e helicóptero, na qual foram cumpridos 28 mandados de busca para combater tráfico de lagosta miúda e outros crimes. Foram recolhidas 58 marambais (atratores marinhos artificiais feitos com o afundamento de sucata no mar), um compressor, material adaptado para pesca com compressor. "Também apreendemos quatro barcos arrastando na faixa proibida de três milhas, próximo à linha de costa e sem permissão para pesca de camarão; um barco de peixes ornamentais pescando lagosta com compressor; e um barco pescando com caçoeiras", acrescenta.

Ele acredita que os pescadores vão se organizar e propor medidas de ordenamento na região e se conscientizar de que quem deve fazer a fiscalização são os órgãos públicos e não fazer justiça eles mesmos. "Na minha opinião, estabelecemos o poder das instituições públicas", acredita.

Rolfran estima que quase 500 embarcações entre pequenas e médias (de quatro a 14 metros) atuem naquela praia. "Quando o Ibama sai da área, eles retornam ao mar. Se estão parados é porque não estão encontrando mais lagosta e não é viável a pesca neste tempo", afirma.

Fonte: Diário do Nordeste

Comentário
Por Claud´mar J Silwa

Faltando ainda 22 dias para o encerramento do mês novembro, quando termina o período legal de pesca da lagosta, muitos pescadores já encostaram seus barcos e auto decretaram o início do "paradeiro" (período de defeso da lagosta). Na comunidade de Barreiras, alguns pescadores que pescavam fora do estado do Ceará, já retornaram a suas residências. Eles alegam que não compensa ir "por mar" faltando poucos dias para o fim do período de pesca, pois para se ter uma boa produção é necessário muitos dias em alto mar.

A maioria aponta a pesca de peixe com uma alternativa para sobreviver durante o defeso, pois o ganho é pequeno em relação a lagosta, mas dar para manter o sustento da família durante os seis meses que ficam proibidos de pescar lagosta. Isso claro, para os que obedecem a lei com a boa vontade de encontrar fartura no regresso à pesca. Em um ano complicado para o setor pesqueiro, antecipar o "paradeiro" não faz tanta diferença para o orçamento familiar.

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