quinta-feira, 1 de julho de 2010

Diario do Nordeste: ´Guerra´ na terra e no mar de Icapuí

Leia a reportagem do Jornalista Melquiades Junior no Jornal Diário do Nordeste de hoje:


DISPUTA DA LAGOSTA

´Guerra´ na terra e no mar de Icapuí

 1/7/2010

Na sua maioria pais de família, pescadores legais e ilegais de Icapuí disputam lagosta em verdadeira guerra

Icapuí. Bastou a embarcação dos fiscais do Ibama se afastar da área para ocorrer mais um embate sangrento no mar da costa leste do Ceará. Pescadores de lagosta do Município de Icapuí trocaram tiros mais uma vez, com perseguição no mar, um baleado e outro ferido com estilhaços. Armados e encapuzados, pescadores da Praia da Redonda seguiram na fiscalização por conta própria, trocaram tiros e feriram dois pescadores que faziam a pesca predatória, tomaram o barco, mas foram atraídos para uma suposta emboscada, com seis barcos na Praia da Barrinha, também em Icapuí. Os "redondeiros" abandonaram a "presa" e bateram em disparada. A Polícia Federal está investigando mais esse que é o quinto conflito com armas de fogo registrado este ano no mar de Icapuí.

Como protesto ao conflito no mar, ontem, no fim da manhã, pescadores da Praia de Barrinha, tidos como ilegais, viraram uma Van com mercadoria, que faz a linha entre a sede de Icapuí e Praia da Redonda, ateando fogo no veículo. Os manifestantes fecharam a CE-261, na entrada de Icapuí e que dá acesso à Praia de Mutamba. Policiais de Russas e Icapuí foram destacados para conter o conflito. Até o fechamento desta edição, o clima na sede do Município estava bastante tenso.

No episódio anterior da "guerra da lagosta", fiscais do Ibama apreenderam uma lancha em que quatro pescadores faziam a pesca irregular, com compressores de ar. Na volta para terra, dez embarcações cercaram o barco apreendido, intimidaram os fiscais e tomaram a lancha, levada para a Praia de Tremembé. Já na última terça-feira, pelo menos dois dias depois de a embarcação do Ibama se afastar para fiscalizar outras áreas, pescadores alternativos, que usam compressor e marambaia, equipamentos proibidos, foram vistos pescando em área demarcada pelos pescadores da Praia de Redonda, que utilizam manzuás, únicos instrumentos permitidos para a captura da lagosta. A movimentação de quatro embarcações ilegais no fim da tarde de terça-feira foi alertada primeiro por pescadores da Praia de Barreira.

Quando a notícia chegou no "Boca do Povo", nome que dão ao ponto de encontro de pescadores na Praia de Redonda, os "vigilantes do mar", como são considerados os redondeiros que fiscalizam por conta própria, pegaram a lancha moderna que compraram este ano e seguiram ao encontro dos ilegais. Eram quatro embarcações da Praia de Barrinha, onde é comum a pesca predatória.

Os barcos bateram fuga: dois em direção ao porto de Barrinha, um para águas profundas e outro no sentido da Praia de Redonda. Este último foi capturado. Na troca de tiros, saiu baleado o pescador Francisco de Assis de Sousa Filho, de 54 anos, e seu filho, Antônio Carlos de Oliveira Sousa, ficou ferido com estilhaços de vidro no braço. A situação é tensa.

MAIS INFORMAÇÕES
Fiscalização do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Ceará - Fortaleza
(85) 3272.7370


MELQUÍADES JÚNIORColaborador

Fonte: Diário do Nordeste

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