quinta-feira, 1 de julho de 2010

OPOVO: ''Guerra da Lagosta'' faz mais duas vítimas

Veja a matéria do Jornal O POVO de hoje sobre o conflito em Icapuí.



Conflito em Icapuí

''Guerra da Lagosta'' faz mais duas vítimas

Pescadores e moradores de Icapuí, no Litoral Leste, fazem manifestação após dois pescadores terem sido baleados em alto mar. O mesmo ocorreu, no município, ha pouco mais de dois meses
01/07/2010 02:00
Atualizada às: 30/06/2010 21:19

Pescadores baleados, estradas interditadas, veículo incendiado, manifestações. Era essa a situação de Icapuí durante todo o dia de ontem. E tudo por conta da rivalidade dos pescadores de praias do município que fica no Litoral Leste do Estado, a 200 quilômetros de Fortaleza. Os conflitos começaram na noite da última terça-feira, 29, data dedicada aos pescadores. Pai e filho foram baleados, um atentado bem parecido ao que ocorreu há pouco mais de um mês no litoral do município.

Francisco de Assis de Sousa Filho, 54, foi baleado no abdômen e o filho, Antônio Carlos de Oliveira Sousa, foi atingido no braço por estilhaços de vidro. Em maio passado, Expedito Amâncio da Silva, 46, foi baleado na coxa e o filho Alcivan da Rocha Silva foi atingido de raspão, também na coxa. Revoltados com o atentado aos pescadores, os moradores da cidade realizaram manifestações na entrada do Centro da cidade.

Um carro que chegava à sede de Icapuí transportando passageiros da praia de Redonda, foi queimado e, durante todo o dia, o acesso da praia para Icapuí e entre as praias de Barrinha e Mutamba foram interditados. A delegada de Icapuí, Juliana Carvalho, temendo novos atentados pediu reforço policial nas delegacias de Aracati e Russas. Os comerciantes fecharam seus estabelecimentos.

Na tarde de ontem, a delegada esteve na praia da Redonda onde se reuniu com lideranças da associação de moradores e da colônia de pescadores. Depois negociou a abertura das estradas de acesso à cidade. “O medo das pessoas era de que os pescadores da Redonda fossem tentar desobstruir os acesso, mas isso não iria ocorrer. O que queremos é que acabe a pesca predatória da lagosta”, disse Raimundo Bonfim Braga, o Kamundo, ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que é ligado à comunidade da praia da Redonda.

Os pescadores Francisco de Assis Sousa e Antônio Carlos Sousa, que moram na praia da Redonda, retornavam da pescaria quando foram atacados, segundo informações de moradores, por homens encapuzados e armados. Ferido, o pescador Francisco de Assis foi trazido para o Instituto Doutor José Frota (IFC) em Fortaleza, onde está internado e, segundo a assessoria de imprensa do órgão, está fora de risco de vida. Antônio Carlos foi atendido no Hospital Municipal de Icapuí e passa bem.

O barco em que eles estavam foi tomado pelos homens os atacaram. Depois eles foram deixados na costa do litoral de Icapuí. O mesmo tinha ocorrido com os dois pescadores que tinham sido vítimas em maio passado. O conflito entre os pescadores está sendo investigado pela Polícia Federal, que está fazendo diligências para identificar os responsáveis pelo crime.


E-Mais

O CONFLITO
O conflito entre os pescadores das praias de Icapuí se tornou conhecido como “Guerra da Lagosta”. Os pescadores artesanais defendem o cumprimento da lei que proíbe o uso de equipamentos de mergulho e armadilhas impróprias na captura da lagosta.

Os pescadores alternativos se defendem alegando que a responsabilidade da fiscalização da pesca é dos órgãos federais constituídos para essa finalidade .

Os pescadores artesanais da Praia da Redonda iniciaram a fiscalização do litoral por conta própria, apreendendo barcos que utilizam técnicas ilegais na captura da lagosta como o uso de compressores. Só este ano, quatro barcos foram apreendidos pelos pescadores. Depois de render a tripulação, o procedimento é deixá-los na beira de alguma praia próxima à comunidade onde vivem.

Os conflitos em Icapuí são antigos e se acirraram no ano passado. Em setembro de 2009, um pescador foi atingido por um tiro nas costas dentro do mar. Depois disso, estradas municipais foram interditadas, aulas foram suspensas e houve protesto na câmara municipal.
Fonte: Jornal O POVO

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