quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Artigo: DIREITO OU PRIVILÉGIO?

Mauro Jales Carvalho
Estudante de Direito do 8º período 
do Curso de Direito da Universidade Potiguar


Existem alguns vícios que por incorporar em nosso dia-a-dia, faz com que eles mais pareçam coisas normais e que não nos causam mais qualquer indignação. Às vezes fazemos isto para evitar o stress, por ignorância e outras vezes para evitar a incompatibilidade com os privilegiados ou beneficiários dos vícios encontrados.

O serviço público, por exemplo, é celeiro de certos hábitos e acomodações que somente são vistos nas repartições públicas. Regalias e privilégios que jamais serão encontrados no serviço privado, no comércio ou outra atividade particular.



Vê-se muito nas casas comerciais das mais sofisticadas às mais simples placas de estacionamento com os seguintes dizeres: “Reservado para Clientes” ou “Privativo para Clientes”. Isto é, no setor privado o empresário ou comerciante, dá ênfase, prioridade, para quem é o beneficiário final - o cliente, o consumidor, o custeador do negócio que com os lucros deixados nas compras que efetua, mantém as funções empresariais, a folha de pagamento e a riquezas dos patrões. Essa é a regra.

No serviço público é costumeiro se enxergar nos estacionamentos das repartições públicas vagas privativas para funcionários das mais altas hierarquias em sacrifício dos usuários, razão única da existência dos serviços e pagadores dos impostos que banca toda estrutura pública, inclusive os salários dos funcionários superiores. Direito ou privilégio?

Você já esteve em uma repartição pública e o servidor levantou-se da única cadeira que existe no local e lhe ofereceu? Provavelmente ele não chegue sequer olhar para você com um sorriso nos lábios.

Vá a uma casa comercial que o vendedor por mais desinteressado que seja, dá conta pelo menos de sua presença no estabelecimento. Direito ou dever do vendedor?

O caso do estacionamento e o da única cadeira da repartição é apenas para servir de reflexão e percebermos o quanto a ética anda distante em nosso meio. O favorecimento e o privilégio que alguém se acha no direito é na realidade o maior comprometimento faltoso de uma ética cotidiana, aquela que qualquer do povo é capaz de possuir. É na verdade uma usurpação de direito, uma apropriação de atributos que lhes garante ser diferente do populacho ou de seus clientes, verdadeiros destinatários dos serviços públicos e pagadores de todos os salários, inclusive do chefe do serviço.

Os paradigmas entre o serviço público e o serviço privado andam paralelos, porém, em sentido opostos. No privado, a dinâmica dos serviços é voltada para atrair e satisfazer da melhor forma o cliente, que sempre é convidado para retornar sempre. No setor público quanto antes o usuário deixar a repartição, melhor, independentemente de ter resolvido ou não seu desiderato, e jamais é convidado para retornar.

Mas, isto é somente uma ponta, uma excrescência que não contamina todo o serviço público, pois, existem excelentes servidores públicos, trabalhadores de maior presteza que fazem a diferença sempre em suas repartições. Existem também maus empregados, maus vendedores e maus clientes como eu que reclama de tudo, inclusive do serviço público. Mas se cada um fizer sua parte nas atribuições que lhe compete, cliente respeitando atendente e o atendente não destratando o cliente, viveremos pacífico eternamente até que a morte nos consuma.
 
Procure mudar tudo aquilo que você acha que não está certo. Um dia o mundo vai ficar do seu modo.



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