Mauro Jales Carvalho
Estudante de Direito do 8º período
Estudante de Direito do 8º período
do Curso de Direito da Universidade Potiguar
Existem alguns vícios que por incorporar em nosso dia-a-dia, faz com que eles mais pareçam coisas normais e que não nos causam mais qualquer indignação. Às vezes fazemos isto para evitar o stress, por ignorância e outras vezes para evitar a incompatibilidade com os privilegiados ou beneficiários dos vícios encontrados.
O serviço público, por exemplo, é celeiro de certos hábitos e acomodações que somente são vistos nas repartições públicas. Regalias e privilégios que jamais serão encontrados no serviço privado, no comércio ou outra atividade particular.
Vê-se muito nas casas comerciais das mais sofisticadas às mais simples placas de estacionamento com os seguintes dizeres: “Reservado para Clientes” ou “Privativo para Clientes”. Isto é, no setor privado o empresário ou comerciante, dá ênfase, prioridade, para quem é o beneficiário final - o cliente, o consumidor, o custeador do negócio que com os lucros deixados nas compras que efetua, mantém as funções empresariais, a folha de pagamento e a riquezas dos patrões. Essa é a regra.
No serviço público é costumeiro se enxergar nos estacionamentos das repartições públicas vagas privativas para funcionários das mais altas hierarquias em sacrifício dos usuários, razão única da existência dos serviços e pagadores dos impostos que banca toda estrutura pública, inclusive os salários dos funcionários superiores. Direito ou privilégio?
Você já esteve em uma repartição pública e o servidor levantou-se da única cadeira que existe no local e lhe ofereceu? Provavelmente ele não chegue sequer olhar para você com um sorriso nos lábios.
Vá a uma casa comercial que o vendedor por mais desinteressado que seja, dá conta pelo menos de sua presença no estabelecimento. Direito ou dever do vendedor?
O caso do estacionamento e o da única cadeira da repartição é apenas para servir de reflexão e percebermos o quanto a ética anda distante em nosso meio. O favorecimento e o privilégio que alguém se acha no direito é na realidade o maior comprometimento faltoso de uma ética cotidiana, aquela que qualquer do povo é capaz de possuir. É na verdade uma usurpação de direito, uma apropriação de atributos que lhes garante ser diferente do populacho ou de seus clientes, verdadeiros destinatários dos serviços públicos e pagadores de todos os salários, inclusive do chefe do serviço.
Os paradigmas entre o serviço público e o serviço privado andam paralelos, porém, em sentido opostos. No privado, a dinâmica dos serviços é voltada para atrair e satisfazer da melhor forma o cliente, que sempre é convidado para retornar sempre. No setor público quanto antes o usuário deixar a repartição, melhor, independentemente de ter resolvido ou não seu desiderato, e jamais é convidado para retornar.
Mas, isto é somente uma ponta, uma excrescência que não contamina todo o serviço público, pois, existem excelentes servidores públicos, trabalhadores de maior presteza que fazem a diferença sempre em suas repartições. Existem também maus empregados, maus vendedores e maus clientes como eu que reclama de tudo, inclusive do serviço público. Mas se cada um fizer sua parte nas atribuições que lhe compete, cliente respeitando atendente e o atendente não destratando o cliente, viveremos pacífico eternamente até que a morte nos consuma.
Procure mudar tudo aquilo que você acha que não está certo. Um dia o mundo vai ficar do seu modo.
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