quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Estado: Lagosta - Produção dobra em três anos



Por Dháfine Mazza
dhafine@oestadoce.com.br

Há alguns anos, a produção de lagosta no Ceará, produto importante para as exportações do Estado, vinha sofrendo sucessivas quedas devido a fatores como a pesca predatória. Desde 2007, no entanto, a produção local tem registrado crescimentos contínuos, tendo sido dobrada no período de três anos. De acordo com o diretor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Manuel Furtado, em 2007, o Ceará produziu 729 toneladas de lagosta. Em 2010, a produção do crustáceo no Estado já soma, até setembro, 1.578 toneladas. Entre as causas da expansão, Furtado cita a ampliação do período de defeso da lagosta, bem como a maior fiscalização e credenciamento dos barcos que praticam esse tipo de pesca. “A produção está crescendo, mas é preciso trabalhar para que esse aumento seja sustentável”, destaca.



Pensando nisso, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), em parceria com o Labomar e o Ministério da Pesca e Aquicultura, promove hoje (14) e amanhã (15), em Fortaleza, o Workshop Internacional Cadeia produtiva da Lagosta, que tem como tema a “Abordagem da Pescaria Sustentável para a Cadeia de Abastecimento – Promovendo o Plano Nacional para a Pesca Sustentável de Lagostas”. A abertura do evento contará com a presença do ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolim.

O workshop reunirá importadores, exportadores, pescadores e pesquisados para discutir os rumos da pesca da lagosta no País e no Ceará, estado responsável por mais de 80% da produção brasileira. Entre os participantes, estão compradores de produtos pesqueiros da Europa e Estados Unidos, como Mark Foods Inc, Darden Restaurant Group, Carrefour.

COMERCIALIZAÇÃO

Segundo o diretor do Labomar, o evento está focado na comercialização e na melhoria de qualidade da lagosta e irá debater alternativas, já implementadas em outros países, a fim de garantir a valorização do crustáceo produzido no Brasil. “Queremos reunir os maiores especialistas no assunto para criarmos um programa nacional de sustentabilidade da pesca”, destaca.

Atualmente, o principal entrave para a comercialização da lagosta produzida no Ceará é a baixa qualidade do produto. Para resolver esse problema, uma das alternativas propostas pelos pesquisadores é a venda da lagosta viva. “Essa prática agrega mais valor ao produto vendido para o mercado internacional, pois garante que o produto chegará ao seu destino em um bom estado de conservação”, explica Manuel Furtado. A comercialização da lagosta viva representa um aumento de mais de 30% no seu valor total, além de garantir o mercado consumidor.

No Ceará, o Ministério da Pesca e Aquicultura, através da Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca do Ceará (Seap-CE), implantou o Projeto Lagosta Viva, em Cascavel, mas a técnica precisa ser difundida para a iniciativa privada.

VULNERABILIDADE

Com ação focada na sustentabilidade e eficiência de recursos das cadeias de suprimentos, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) identificou as cadeias produtivas que estão em ameaça - vulnerabilidade social, econômica e ambiental- e que já causaram a destruição dos estoques naturais. Entre elas, está a produção de lagosta no Ceará e a de arroz na Tailândia, culturas que o UNEP elegeu para trabalhar a questão da sustentabilidade. As ações do programa serão subsidiadas por estudos realizados pelo Labomar no litoral do Estado (Icapuí, Fortim, Trairi e Acaraú).

Fonte: Jornal O Estado - CE

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