quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Diario do Nordeste: Pesca da lagosta ameaçada no Estado

13/10/2010
Atividade será inviável nas atuais condições: aumento do número de barcos e sem preocupação com sustentabilidade
Workshop pretende reunir pesquisadores, representantes do governo e demais envolvidos na pesca da lagosta para discutir a sustentabilidade da cadeia produtiva do crustáceo
FOTO: CID BARBOSA

Com ações direcionadas ao tema sustentabilidade, o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) realizou um estudo mundial e identificou a lagosta brasileira entre outras cadeias produtivas sob ameaça ou com estoques naturais comprometidos. Daí, surgiu a intenção de iniciar um trabalho com pesquisadores e autoridades locais no maior estado exportador de lagostas do País: o Ceará.

Por uma iniciativa do Pnuma, será promovido a partir de amanhã, no Hotel Praiano, em Fortaleza, o "Workshop Internacional Cadeia Produtiva da Lagosta", que discutirá questões pertinentes ao futuro da pesca deste crustáceo e, principalmente, a sustentabilidade da atividade.

De acordo com o diretor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará, Manoel Furtado, "o objetivo principal do workshop é agregar especialistas do mundo todo para discutir sobre a pesca da lagosta".

Ressaltando a participação do Labomar como o único centro de pesquisa que elabora estudos sobre a pesca do crustáceo nas costa cearense há mais de 60 anos, Manoel acredita que, acompanhando as discussões, as autoridades do governo poderão tomar precauções sobre o futuro da pesca na costa cearense e brasileira.

Ao todo, quatro estudos foram feitos pelo Labomar para subsidiar as ações do Pnuma no Ceará, com visitas a Icapuí, Fortim, Trairi e Acaraú e que serão apresentadas no evento.

Preocupações

O diretor do Instituto Labomar também chamou atenção para as condições sob as quais estão operando atualmente a pesca da lagosta. "Se não tiver como tomar uma atitude agora, daqui a uns 20 anos não vai ter como ter pesca", estimou.

Segundo Manoel, seria inviável ambiental e economicamente, a pesca da lagosta nas atuais condições: com o aumento crescente do número de barcos pesqueiros e sem uma preocupação com a sustentabilidade dessa cadeia produtiva.

Documento final

No entanto, segundo Manoel, é esperado para o fim do workshop uma publicação com recomendações às autoridades governamentais, que também têm presença prevista para o workshop. Além de representantes do Pnuma e Labomar, estarão no workshop membros do Ministério da Pesca e Aquicultura, Ministério do Meio Ambiente, Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e representantes dos principais exportadores brasileiros e compradores de lagosta da Europa e dos Estados Unidos. "A gente tem uma chance boa, se o governo nortear as ações para daqui a uns 20 anos, de mantermos uma boa produção com sustentabilidade e reflexos sociais e econômicos", prevê Manoel.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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