sexta-feira, 26 de agosto de 2011

OPOVO: Produção de coco no Ceará não atende demanda

Com cerca de 70 mil toneladas anuais, segundo a Adece, o setor de coco, no Ceará, não consegue atender à demanda industrial que é calculada em 90 mil toneladas/ano

Somando todos os gastos com o investimento, a cultura do coco 
poderia passar a dar lucro de 15%, a partir do quinto ano (FCO FONTENELE)


Com produção de 70 mil toneladas anuais, os produtores cearenses de coco não conseguem atender à demanda local que é de 90 mil toneladas/ano. Segundo o analista de mercado da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Sérgio Baima, o Ceará ocupa o segundo lugar, no País, em área plantada, com 47.838 hectares, e o terceiro, em produção, perdendo para os estados Maranhão e Piauí.
“Além da procura do mercado internacional, que está crescendo, o Ceará tem que atender aos nossos principais consumidores que são os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Por conta disso, há necessidade de importar dos nossos vizinhos: Pernambuco e Bahia”, afirma.
Baima, que proferiu palestra, ontem, durante a Feira Nacional do Coco, no Marina Park Hotel, explica que, atualmente, um dos problemas para investir na produção de coco é a falta de incentivos para o setor, por parte dos governos federal e estadual, e na exigência de garantia de 130% para ter acesso ao crédito. Ele explica que o custo total de produção por hectare chega a cerca de R$ 6 mil, incluindo a formação do pomar, insumos, mão-de-obra, custos administrativos e equipamento de irrigação mecanizada (pago ao longo de 10 anos). “Com uma área de 50 hectares, o custo chegaria a R$ 300 mil, o que não é pouca coisa, pensando que você precisa ter mais que o dobro disso para dar de garantia”, diz.

Bom Negócio
Apesar dessas dificuldades, Sérgio Baima afirma que o coco voltou a ser um bom negócio, porque, somando todos os gastos com o investimento, poderia passar a dar lucro de 15%, a partir do quinto ano. Além de produtos voltados para a culinária, como o leite-de-coco, o coco ralado e água de coco, há pesquisas voltadas para o desenvolvimento de outros produtos, como mantas e telas para proteção do solo, produção de papel, enriquecimento de alimentos, pranchas pré-moldadas para a construção civil, dentre outras utilidades.

Em relação à água de coco, Baima diz que os dados oficiais não são detalhados porque as exportações são contabilizadas como suco de frutas, diferente do suco de laranja, que possui classificação à parte, já que o Brasil é o maior exportador mundial desse produto. “Se tirarmos o suco de laranja, que é produzido em São Paulo, o Ceará, atualmente, é o segundo maior exportador de sucos de frutas do Brasil. Como a água de coco é a maior parte dessa exportação, então o Estado é também o segundo maior exportador de água de coco do País”,

Durante a Fenacoco, que se encerra hoje, também estão sendo discutidas ações sustentáveis de reaproveitamento da casca do coco verde e outros assuntos de desenvolvimento da cadeia produtiva, desde a produção, o beneficiamento e o reaproveitamento dos resíduos.


O quê


ENTENDA A NOTÍCIA

Apesar de apresentar boa lucratividade e potencial de exploração de novos produtos, o setor de coco ainda encontra obstáculos na falta de incentivo por parte do governo e na dificuldade de acesso ao crédito.


NÚMEROS


47,8
MIL HECTARES
é a área plantada de coco, no Ceará


6
MIL UNIDADES/ HECTARES
é a produtividade média dos produtores cearenses


SAIBA MAIS



O Brasil é o 5º maior produtor mundial de coco, atrás da Indonésia, Filipinas, Índia e Sri Lanka. A região Nordeste produz 80% do coco brasileiro.
 

Os maiores produtores cearenses de coco são os municípios de Trairi, com 23,9 milhões de unidades/ano e área de 6.940 hectares; Itarema (19,2 milhões de unidades e 6.335 hectares) e Acaraú (17,7 milhões de unidades e 4.732 hectares).
 

O Fenacoco conta com palestras de pesquisadores de entidades como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade de São Paulo (USP) e Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece).



Produtividade em baixa

 O produtor de cocos Cléber do Rosário, de 42 anos, mantém uma fábrica de coco ralado, no município de Icapuí, há oito meses, mas está preocupado com o plantio que mantém, em 100 hectares, no município de Baraúna, no Rio Grande do Norte. A demanda tem aumentado, mas o excesso de chuvas prejudicou a produção que, atualmente, está em 20 toneladas por mês. “Com a melhora do clima, queremos dobrar a produção até o final do ano”, afirma.


Fonte: OPOVO

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