segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Diário do Nordeste: Área de carcinicultura ganha reflorestamento

Foto: Divulgação
Diário do Nordeste - Caderno Regional


26.9.2011
Área de carcinicultura ganha reflorestamento


O Projeto de Carcinicultura Comunitária incentiva o replantio na Praia de Requenguela, em Icapuí
Fortaleza Cerca de 1200 mudas de árvores típicas do mangue serão plantadas hoje em Icapuí. A ação faz parte do apoio técnico à Associação Comunitária de Criadores de Camarão, na Praia de Requenguela, a 1,5Km da sede. Esse será o terceiro plantio na área onde funciona o projeto de carcinicultura, desde a sua implantação em 1999. Além do reflorestamento, também haverá uma contagem de locas de caranguejo e de espécimes vegetais nativas do mangue.

A iniciativa vem sendo desenvolvida em parceria com a Associação e mais a Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Federal Rural do Semiárido e com apoio do Ministério da Pesca da Fundação do Banco do Brasil. Segundo informou o professor de Economia Agrícola da UFC, Rogério César Pereira de Araújo, esse trabalho é pioneiro em todo o País, pois consiste em oferecer uma atividade produtiva para uma comunidade, com técnicas adequadas à sustentabilidade da produção, que atende 17 famílias.

Considerados como sócios, os participantes da Associação são responsáveis pela administração do projeto, alimentação dos camarões e pela segurança da área. Este ano, numa área de 23 hectares, houve uma produtividade de 29 toneladas.

Para o professor Rogério, há um aspecto econômico e social de grande relevância, mas os aspectos ambientais também merecem igual atenção do poder público, como forma de evitar danos ao meio ambiente.

"O que temos observado é que o manguezal tem-se recuperado rapidamente, além de ter favorecido o aumento da população de caranguejo", afirma Rogério. Esse aumento, como ressalta, não impactou numa desordem da cadeia alimentar, uma vez que os crustáceos se abrigam fora da região de cativeiro, alimentando-se assim das substâncias orgânicas eliminadas pelos canais.

Salina
A produção acontece numa área onde já funcionou uma salina. Por se encontrar desativada, foi escolhida para funcionar a atividade comunitária. Com isso, já deixou de existir, conforme salienta Rogério, qualquer impacto negativo no mangue. Para o biólogo Edson Barreto, os efeitos foram ainda mais positivos para aquela área. Ele nota que a vegetação tem se intensificado, como também há um aumento da população de caranguejos, bem como outros representantes da fauna como os crustáceos aratus e maria farinha. Também são notadas as presenças de mamíferos como raposas e guaxelos; répteis como as cobras jararacas, caçote e goitebas. A notícia que mais tem animado os pesquisadores acadêmicos tem sido o surgimento de espécimes exóticas, que estão sendo atraídas para aquela área, como o pato do mato.

"Isso nos anima porque há um efeito considerável na comunidade assistida, e também nas consequências no meio ambiente, que mantém seu equilíbrio", disse Edson Barreto. Para o professor Rogério, os parâmetros ambientais estão sendo feitos a cada replantio. "Nosso objetivo é tornar o entendimento da carcinicultura dentro de técnicas compatíveis com a sustentabilidade", ressalta.

Plantações
Hoje, serão plantadas três espécies de árvores: o mangue sapateiro, ratinho e mangue branco. O plantio será feito por 80 alunos da Universidade Federal Rural do Semiárido, com apoio da comunidade participante da Associação. Os primeiros experimentos com o camarão cultivado no Brasil datam da década de 1970 quando o Rio Grande do Norte criou o Projeto Camarão, para estudar a viabilidade do cultivo desse crustáceo em substituição à extração do sal, atividade tradicional do Estado que na época confrontava séria crise de preço e mercado com consequente desemprego generalizado nas áreas salineiras.

Pesquisas
Nesse período inicial, o Estado de Santa Catarina também desenvolveu pesquisas de reprodução, larvicultura e engorda do camarão cultivado e conseguiu produzir as primeiras pós-larvas em laboratórios da América Latina. No Ceará, a atividade foi incrementada na década de 1990, com a introdução do camarão branco.

Associação17 famílias fazem parte do projeto de produção de camarão em cativeiro, na Praia de Requenguela, em Icapuí. Este ano, numa área de 23 hectares, houve uma produtividade de 29 toneladas.

MAIS INFORMAÇÕES 

Associação dos Criadores de Camarão de Icapuí
Vila Barra Grande, S/N/ Telefones: (88) 8825.4240 e (88) 9969.3126


MARCUS PEIXOTO
Repórter



Fonte: Diário do Nordeste

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